Sessões de ‘Arca de Noé’ e ‘Caindo na real’, e aposta em filmes religiosos marcam 2º dia de Expocine

Sessões de ‘Arca de Noé’ e ‘Caindo na real’, e aposta em filmes religiosos marcam 2º dia de Expocine

Fabiano Ristow
09 out 24

Imagem destaque

Divulgação

'Arca de Noé' e 'Caindo na real'

Um poderoso line-up de produções nacionais e internacionais, além de uma surpreendente aposta em filmes religiosos, marcou o segundo dia de Expocine, nesta quarta-feira, 9, no Cine Marquise, em São Paulo, que contou ainda com a exibição especial de dois longas brasileiros com potencial de movimentar as bilheterias: Caindo na real (estreia em 24 de outubro) e Arca de Noé (7 de novembro).

Kolbe, Paris, Elo Studios e Imagem foram as distribuidoras que mostraram a exibidores o que têm na manga para os próximos meses. A Imagem encerrou a noite com a sessão do grandioso Arca de Noé.

A animação, uma coprodução com a Índia, vem gerando burburinho por ser considerada uma das maiores já feitas na história do Brasil — o orçamento é estimado em US$ 9 milhões. E também porque carrega um elenco impressionante: Rodrigo Santoro, Marcelo Adnet, Alice Braga, Lázaro Ramos, Gregório Duvivier, Bruno Gagliasso, Júlio Andrade, Eduardo Sterblitch, Babu Santana, Heloísa Périssé, Ingrid Guimarães, Seu Jorge, Chico César, Baiana System...

A lista é longa, mas a Imagem fez caber o nome de todo mundo no cartaz.

O diretor Sérgio Machado estava na sessão e contou como foi revisitar a obra clássica de Vinicius de Moraes: "Era um sonho antigo de Suzana de Moraes, filha de Vinicius. Ela procurou Walter Salles, com quem trabalho há anos, e desde o começo sabíamos que precisava ser um projeto grande", disse o cineasta. "Não esperava que tantos artistas de peso topariam entrar na dublagem. No fim, tínhamos mais atores do que bichos", brincou.

Arca de Noé já foi vendido para mais de 70 países. "É um dos filmes brasileiros mais vendidos da nossa história", destacou o produtor Fabiano Gullane, que estava tão empolgado com a primeira exibição pública do filme no Brasil que precisou ter o discursso interrompido pela produção do evento para deixar o palco — sob muitos aplausos.

Antes, a Elo Studios projetou Caindo na real, comédia de André Pellenz (Minha mãe é uma peça) estrelada por Evelyn Castro e Belo. O cantor, aliás, estava na sessão, e causou um alvoroço entre fãs e jornalistas na entrada do Cine Marquise. "Fiz uma música para o filme, chamada "Nossa rainha" [veja o clipe aqui], que já está nas plataformas de música, e também canto nos shows", disse o cantor (e agora ator de cinema) ao reafirmar seu compromisso em divulgar o longa.

Ambientado numa realidade alternativa em que o Brasil se transforma numa monarquia (apesar da presença explícita de alguns paralelos com o cenário político recente), Caindo na real tem os elementos de uma grande comédia popular, e Sabrina Nudeliman, sócia e produtora da Elo, não escondeu a ambição de atrair "milhões de brasileiros" para as salas.

"Sim, é uma dessas comédias. Não acredito mais em filmes que não decolam. Hoje, trouxemos um line-up enxuto para vocês [exibidores], mas que está sendo trabalhado com profundo cuidado", afirmou Sabrina, que também está apostando alto na comédia romântica Viva a vida! (9 de janeiro), de Cris D'Amato, com Rodrigo Simas e Thati Lopes.

Foco em filmes religiosos

Kolbe e Paris mostraram cenas e trailers de filmes religiosos, um filão que vem se tornando cada vez mais forte no Brasil. Angela Morais, diretora-executiva da Kolbe, distribuidora especializada no gênero, falou sobre a capacidade de "evangelização através do cinema", e trouxe para o palco Marlon Múcio, padre perfilado no documentário Milagre vivo (previsto para novembro). O filme conta como o religioso lidou com o diagnóstico de uma doença neurodegenerativa raríssima.

Divulgação
'Milagre vivo'
"Para quem não conhece a minha história, creio que pelo cinema podemos impactar poderosamente as pessoas. A ciência diz que meus músculos vão parar a qualquer hora, mas eu não morrerei para essa doença: eu morrerei de tanto viver. Somos mais de 13 milhões de brasileiros com doenças raras, e vocês, exibidores, podem impactar muitas vidas, católicas ou não", discursou Múcio.

Já a Paris, que está colhendo os louros do surpreendente sucesso de A forja - O poder da transformação e da série The chosen, no início do ano, celebrou o acordo firmado com a Angel Studios, produtora especializada em filmes cristãos e de superação — ou "filmes vocacionados", como define Márcio Fraccaroli, diretor geral da Paris.

"Atravessamos anos difíceis, com duas greves em Hollywood [dos atores e roteiristas], e tivemos a popularização do streaming. Mas essa época já passou. Acho que 2025 e 2026 serão excepcionais", afirmou Fraccaroli. "Nossa equipe de marketing tem feito um ótimo trabalho para o público nichado de filmes vocacionais. Já lançamos Crepúsculo e Jogos Vorazes no passado, então sabemos muito bem como trabalhar com uma base de fãs exigente."

Divulgação
'Som da esperança'

A negociação com a Angel garantiu o lançamento de filmes como Som da esperança - A história de Possum Trot (24 de outubro), derivado do fenômeno Som da liberdadeA redenção - A história real de Bonhoeffer (28 de novembro); Cabrini (12 de dezembro); O legado (3 de março); e Davi (fim de 2025), entre outros.

A Paris, claro, tem também dezenas de outros títulos para lançar (mais de 50 até 2026). Entre os trailers exibidos na Expocine, um dos mais aplaudidos foi o de Homem com H (1º de maio), cinebiografia de Ney Matogrosso.