Os corajosos nacionais de 2021

Os corajosos nacionais de 2021

Bernardo Siaines
19 jan 22

Se o ano passado foi difícil para a indústria do cinema no mundo todo, o Brasil foi especialmente prejudicado. Além da pandemia, cujos altos e baixo fizeram o calendário ser alterado diversas vezes, os trabalhadores do audiovisual do país lutaram contra um governo que faz de tudo para atrapalhar a produção nacional desde o dia 1º de janeiro de 2019. 

Sendo assim, cada centavo gasto na produção tornou-se imprescindível. Ninguém pôde se dar o luxo de fazer apostas arriscadas, muito menos na hora de lançar o filme nos cinemas. Aliás, muitos dos filmes foram lançados nas telonas apenas a fim de cumprir contrato antes de ir para o streaming (às vezes até simultaneamente), como fizeram diversos longas estadunidenses, por exemplo. 

Alguns poucos filmes fugiram à regra, como é o caso de Marighella. A aposta da parceria Dt/Paris foi alta, mas não arriscada. Sabendo onde estava pisando, a parceria de maior sucesso na distribuição nacional conseguiu um feito e tanto durante a pandemia, atraindo 320 mil e arrecadando mais de R$ 6 milhões com o longa sobre o guerrilheiro comunista Carlos Marighella. 

Apenas outros dois longas ultrapassaram R$ 1 milhão de renda no ano: Um tio quase perfeito 2 (H2O Films), que foi também o segundo melhor público do período; e Turma da Mônica - Lições (Dt/Paris), que teve o quarto maior público e a terceira maior renda do ano mesmo estando em cartaz apenas nos dois últimos dias do ano. Vale lembrar que, no ranking de 2021, contamos apenas os resultados obtidos durante o ano em questão. 

Em terceiro lugar em público ficou A sogra perfeita (Dt/Paris), que atraiu 66,8 mil e arrecadou R$ 840 mil em 2021. Amarração do amor (Dt/Paris) fecha o top 5. 

Números que não merecem ser contabilizados

O market share de 1,4% dos filmes nacionais foi o pior desde que se tem registro de bilheterias no país. O total de público foi de 721 mil, e a renda, de R$ 12,5 milhões. A parceria Dt/Paris abocanhou 76% desse total; a H2O, segunda colocada, obteve 11,4%, e a Imagem ficou em terceiro, com 2,7%. No total, foram lançados 127 títulos, com destaque para os documentários, que foram 49.

O número de títulos lançados não foi tão baixo. Foi o dobro do ano passado e semelhante ao total de 2015 (130). O problema, como dissemos no primeiro parágrafo, foi que muitos foram lançados apenas para cumprir contrato, sem campanhas de marketing voltadas para o cinema, devido à baixa frequência e às medidas de restrição.