Os próximos 15 dias serão decisivos para as investigações do roubo de 121 kits de digitalização da Quanta/DGT, levados de um armazém no Rio de Janeiro no último fim de semana. É o prazo que o diretor de desenvolvimento de negócios da integradora, Luiz Fernando Morau, calcula para que a polícia levante as principais hipóteses para a ação e a empresa possa acessar o seguro que vai garantir a reposição das peças. 

Dez exibidores tiveram seus cronogramas de digitalização atingidos pela ação criminosa, principalmente do Sul do país. A integradora não revelou a lista, mas fontes do mercado apontam GNC, Cinesystem, Arcoplex, Guion, Playarte e Grupo Severiano Ribeiro entre os cinemas que receberiam projetores, servidores e acessórios armazenados em um espaço alugado próximo à favela de Vigário Geral, na Zona Norte do Rio, num prejuízo calculado em US$ 9 milhões. Na próxima semana, a Quanta/DGT divulga os números de série dos equipamentos, para garantir que outros exibidores não negociem os itens desviados inadvertidamente. O inquérito policial, que foi aberto pela 38º DP (Irajá), agora está nas mãos da Delegacia de Roubos e Furtos de Carga.

Os equipamentos tinham sido adquiridos com empréstimo do BNDES e sua importação teve que cumprir diversos trâmites de importação sob regime especial de isenção de impostos, criado pelo governo federal para acelerar a conversão digital no país. Principal integradora do processo de digitalização do parque de exibição brasileiro, a Quanta/DGT trabalha em ritmo de urgência, já que o prazo limite para fazer todos os itens chegarem aos cinemas é 31 de maio, data determinada pelas majors, as principais distribuidoras de Hollywood, que financiam a operação por meio do pagamento de uma taxa (VPF). O processo de mudança tecnológica da exibição no Brasil é um dos mais atrasados do mundo, o que preocupa o mercado, uma vez que as cópias em película estão praticamente extintas.

Como grande parte dos equipamentos geralmente precisa ser fabricada sob encomenda, nos últimos dias a Quanta/DGT voltou a contatar os fornecedores – entre eles Barco, Doremi e Dolby – para verificar a disponibilidade dos itens em estoque. De acordo com Morau, a maior parte deles já está em condição de pronta entrega. Daí, o tempo estimado para recebimento das mercadorias no porto brasileiro seria de aproximadamente 24 dias. O executivo também garantiu que o governo federal está acompanhando o caso e vai levar o inesperado da ação em conta para abreviar o andamento dos procedimentos de importação. Segundo ele, será possível evitar que a entrega estoure o prazo limite para integração.