Referência
no mercado de
cinema no Brasil
Em reportagem publicada online neste domingo, 4 de janeiro, a revista Variety expôs a encruzilhada em que o star system de Hollywood se viu após a análise dos resultados de bilheteria de 2014. Segundo o texto do repórter sênior Brent Lang, a indústria está lentamente começando a questionar os altos salários pagos a seus maiores astros, em virtude da cada vez menor garantia de retorno que suas presenças em cena representam. A revista cita Johnny Depp (Transcendence: A revolução), Robert Downey Jr. (O juiz), Adam Sandler (Juntos e misturados), George Clooney (Caçadores de obras-primas), Christian Bale (Êxodo: Deuses e reis) e Tom Cruise (No limite do amanhã) como exemplos de nomes de peso cujos filmes não foram tão bem quanto se esperava nos Estados Unidos (em certos casos, foram muito mal). É importante fazer a ressalva de que alguns destes títulos tiveram performance consideravelmente melhor em outros mercados.
A própria reportagem estabelece uma diferença entre filmes que dependiam inteiramente do anunciado potencial de bilheteria de seus astros para levantarem vôo e aqueles que tinham outros atrativos. "Robert Downey Jr. em Homem de Ferro é, basicamente, sucesso garantido, mas a presença dele em outros filmes, não necessariamente", diz à revista o analista de mídia Paul Dergarabedian. A reportagem pondera que, enquanto O juiz pode ter tido mais público com Downey Jr. no elenco do que teria sem ele, por outro lado teria custado menos do que os US$ 50 milhões que custou.
Houve exceções ao quadro pintado, a mais notória delas a de Angelina Jolie, que fez de Malévola a terceira maior bilheteria do ano em escala mundial (e a maior no Brasil, com R$ 74,5 milhões) e, como diretora, catapultou Invencível a uma posição de destaque na temporada de prêmios da virada do ano, com faturamento de US 87,8 milhões nos EUA, mesmo sem Jolie em cena e com um tema pesado (as agruras vividas por um herói de guerra, Louis Zamperini). Mas a conclusão é de que o star system é, nas palavras do vice-presidente do BoxOffice.com, Phil Contrino, "superestimado". "A noção de que um astro é quem faz um filme simplesmente não é verdadeira. A história do cinema está cheia de decepções badaladas. Astros ajudam a gerar publicidade, mas se os espectadores não reagem ao conteúdo de um filme, não é um ator que vai fazê-los aparecer nos cinemas".
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