Sony cancela lançamento de A entrevista

Sony cancela lançamento de A entrevista

Redação
18 dez 14

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Divulgação

A Sony decidiu cancelar o lançamento de A entrevista depois que fontes do Departamento de Justiça dos Estados Unidos declararam ter identificado que o ataque hacker à distribuidora se originou na Coreia do Norte. O anúncio oficial do governo americano deve ser feito entre hoje, dia 18, e amanhã. Como a internet é bastante controlada no país, especialistas dizem que há grandes possibilidades de a ação ter sido ordenada pelo governo de Kim Jong-un, satirizado na comédia com Seth Rogen e James Franco.

“A Sony Pictures não tem mais nenhum plano de lançar o filme”, disse um porta-voz da empresa. O cancelamento inclui não apenas a estreia nos cinemas, prevista no mercado americano para o dia de Natal, como as versões em VOD e DVD. Também foram retiradas menções ao filme no site da distribuidora.

A decisão foi construída aos poucos, em meio à divulgação de informações privadas que expunham executivos da distribuidora e astros de suas produções. Depois do vazamento de emails, o grupo ciberterrorista passou a fazer referências diretas ao filme, que culminaram numa ameaça, na terça, de ataques aos cinemas que exibirem A entrevista. Primeiro, a Sony cancelou pré-estreias e encontros com a imprensa, depois tentou adiar o lançamento e, finalmente, optou por retirar a produção do calendário.

Antes do cancelamento, diversas cadeias dos EUA declararam não ter intenção de exibir a comédia. A lista incluía as principais redes do país, como AMC, Regal, Cinemark e Carmike. Em seu comunicado, o grupo hacker Guardiões da Paz citava o 11 de Setembro para fazer ameaças. “O ataque virtual é bastante sério. Estamos investigando e levando isso tudo muito a sério. Estaremos atentos; se virmos algo que acreditamos ser grave e crível, vamos alertar o público. Por enquanto, nossa recomendação é para que as pessoas vão ao cinema”, disse o presidente dos EUA, Barack Obama, à ABC, antes da decisão.

O efeito cascata dos ataques não ficou restrito à Sony. A produtora New Regency anunciou a interrupção da produção de Pyongyang, longa de Gore Verbinski passado Coreia do Norte. Rotulado como um thriller, o filme tem como protagonista Steve Carell, que interpreta um americano a trabalho na capital do país. No Twitter, o ator comentou o cancelamento: “Triste dia para a expressão criativa”.

Carell não foi a única celebridade a protestar nas redes sociais contra os desdobramentos da crise. O cineasta Judd Apatow, conhecido por trabalhos com Rogen e Franco, também se manifestou. “Acho uma vergonha que esses cinemas não estejam programando A entrevista. Vão retirar qualquer filme que receba uma ameaça anônima agora?”, tuitou. O apresentador Jimmy Kimmel foi outro que criticou a decisão: “É um ato de covardia antiamericano que valida ações terroristas e cria um precedente terrível”.