Quando o thriller Isolados surgiu no cenário, em 2014, despontou com ele uma  empresa de produção ávida para ocupar espaço no cinema brasileiro. O filme protagonizado por Bruno Gagliasso e Regiane Alves não chegou a ser um estouro de bilheteria – foram 84 mil espectadores -, mas as críticas e a campanha caprichada, com direito a chamadas de TV, chamaram atenção para sua produtora. Três anos depois, é hora de uma nova (e mais ambiciosa) fase para a Media Bridge.

Entre este ano e 2018, são nada menos que três produções programadas, com destaque para a biografia Chacrinha, que será dirigida por Andrucha Waddington ao custo de R$ 12 milhões. Eduardo Sterblitch vive Aberlardo Barbosa na juventude e Stepan Nercessian reprisa o papel do comunicador testado no teatro. “Estamos trabalhando no roteiro com o Cláudio Paiva, com consultoria do Boni”, conta o italiano Angelo Salvetti, diretor-executivo da produtora.

Radicado no país desde 2011, o engenheiro Angelo trabalhava como empresário de conteúdo para celulares quando vislumbrou a chance de aproveitar a boa onda da produção brasileira. Conseguiu reunir R$ 4 milhões, entre recursos próprios e Fundo Setorial do Audiovisual, para filmar e lançar Isolados. Foram R$ 2,2 milhões só de P&A (cópias e material de campanha). Boa parte da verba de publicidade foi gasta em chamadas na TV Globo, casa dos dois protagonistas.

Quase todo rodado em locações na Região Serrana do Rio, o longa dirigido por Tomás Portella apostava num clima claustrofóbico e fotografia escura. Entrou em 180 salas, com distribuição da Downtown/Paris e concorrência direta do sobrenatural Livrai-nos do mal, da Sony.  “Considerando o potencial do gênero [thriller psicológico], eu esperava um pouco mais [resultado]. Mas o lançamento no Festival de Gramado foi proveitoso e fiquei feliz com as críticas, que destacaram o roteiro e a realização”, lembra Angelo. “Foi importante para mostrar ao mercado que estávamos com muita vontade”, completa.

Filme e minissérie

Com Chacrinha, a aposta sobe alguns degraus. A produtora vai reprisar sua parceria com a Paris na distribuição e Globo Filmes será coprodutora do projeto, o que garante presença de mídia. O filme vai contar a história do comunicador pernambucano desde sua chegada no Rio, nos anos 1940, até a consagração na televisão. Apesar da presença de Stepan, o longa não será um musical como o visto no teatro. Os direitos foram adquiridos diretamente com os herdeiros.

A cinebiografia, que está em pré-produção, tem filmagens previstas para o segundo semestre. Depois do lançamento nos cinemas será transformado em minissérie de TV, para ser exibida na TV Globo. “A ideia da produtora é sempre aliar o interesse cultural sem deixar de lado o aspecto comercial”, define o sócio.

Comédia e biografias

O projeto seguinte do cronograma da Media Bridge deve ser a comédia A vida sexual da mulher feia, baseado no livro homônimo de Cláudia Tajes, já adaptado para os palcos em uma montagem que viajou pelo país. Otávio Müller voltará a interpretar a baranga Maricleide, sempre às voltas com desventuras amorosas. O longa também está programado para entrar em produção no segundo semestre, mas ainda não tem diretor definido.

Dois outros longas biográficos estão no horizonte, ainda na fase de desenvolvimento: O anjo pornográfico, baseado no livro de Ruy Castro sobre Nelson Rodrigues, e Não aprendi dizer adeus, sobre a vida do cantor Leonardo, da dupla com Leandro. O primeiro terá Alexandre Nero no papel principal e direção de Mauro Mendonça. Já o segundo foi concebido para atrair os fãs da música sertaneja, que, apesar do grande sucesso de 2 filhos de Francisco, ainda não se veem representados com frequência no cinema brasileiro. Elenco e diretor ainda serão escolhidos.