Referência
no mercado de
cinema no Brasil
Um novo estudo divulgado pelo Centro de Estudos Femininos em Televisão e Cinema da Universidade Estadual de San Diego (Califórnia) apontou que a presença de mulheres dirigindo filmes de grande orçamento em Hollywood continua, em 2015, nos mesmos níveis em que estava há 17 anos. A proporção é de apenas 7% e, em relação a 17 anos atrás, chegou a diminuir 2%, segundo aponta a autora do estudo, Martha Lauzen, diretora executiva do centro. "É impressionante que ainda estejamos nos níveis de 1998", disse ela ao Variety. "O que quer que esteja sendo feito para abordar este problema não está funcionando e precisamos procurar soluções que alcancem toda a indústria".
A função de peso em que mais se encontra mulheres atualmente na indústria cinematográfica é a de produtora. São 23% do total. A seguir, as produtoras executivas, que são 19%, as montadoras (18%), as roteiristas (11%) e, depois das diretoras, as diretoras de fotografia (5%). De todas essas proporções, as únicas que aumentaram em relação a 1998 são as de produtoras executivas e diretoras de fotografia. As demais diminuíram. O estudo também mapeou, pela primeira vez, a proporção de mulheres nos departamentos de efeitos sonoros (são apenas 5%, como as diretoras de fotografia) e de música (a mais baixa de todas: mero 1%).
Como parte do estudo, o centro analisou as fichas de 2.822 mulheres (a lista não inclui atrizes, compreendendo apenas trabalho por trás das câmeras). A conclusão foi que 38% dos filmes não tinham qualquer mulher - ou tinham apenas uma - nas funções mencionadas, que são as de maior responsabilidade e prestígio na produção de um longa-metragem. Em 23% das produções, havia duas mulheres nestes postos. Em 29%, de três a cinco. Em 7%, de seis a nove. E somente 3% dos filmes tinham de dez a 14 mulheres nos seus postos-chave.
Segundo Martha Lauzen, a explicação para isto não pode ser encontrada na taxa de matrículas femininas em cursos de cinema, que estaria na faixa de um terço a metade dos estudantes nas principais faculdades que oferecem graduação na área. "Não é que as mulheres não estejam buscando carreiras no cinema", disse ela.
Este quadro se configura num momento em que se aproxima o anúncio das indicações ao Oscar - que, em mais de 85 anos de história, só premiou uma mulher na categoria de Melhor Direção, e apenas em 2010 (Kathryn Bigelow, por Guerra ao terror) - e depois de um ano em que grande parte dos campeões de bilheteria tinham protagonistas femininas (Malévola, A culpa é das estrelas, Jogos Vorazes: A esperança - Parte 1). Segundo o estudo, na televisão a situação é marcadamente melhor, com mulheres em 28% das posições de comando da área criativa (esta percentagem soma todas as categorias individuais mencionadas acima).
© Filme B - Direitos reservados