Referência
no mercado de
cinema no Brasil
Nos anos 1960, Renato Aragão deu origem a um dos personagens humorísticos mais icônicos do Brasil, o nordestino sofrido e atrapalhado Didi Mocó Sonrisal Colesterol Mufumbbo (com dois bês). Ao lado de Dedé Santana, Mussum e Zacarias, ele fez história com Os Trapalhões, quarteto campeão de bilheteria durante mais de duas décadas. Homenageado da CCXP nesta edição, ele conversou com o público sobre sua carreira e novos projeto para cinema e TV.
“Nunca tentei ser empreendedor, o sucesso da minha carreira me empurrou pra isso. Eu queria ser livre, filmar minhas ideias, ter a liberdade de criar e não fazer o que as pessoas escreviam pra mim”, explicou. “Também nunca me importei com as bilheterias dos meus filmes, meu objetivo é que sempre saia melhor que o anterior, e eu não economizo pra isso”.
Os trapalhões e as minas do Rei Salomão, por exemplo, teve sequências filmadas no Marrocos, e Os saltimbancos trapalhões, em um dos parques da Universal, em Orlando. “Queriam filmar aqui no Brasil, mas eu disse ‘Não, nós vamos pra Hollywood'”, contou. “Gastei uma grana com ele, mas foi o maior sucesso”.
Rumo a Hollywood
Em janeiro de 2017, estreia Os saltimbancos trapalhões – Rumo a Hollywood, quinquagésima produção estrelada por Renato Aragão no papel de Didi Mocó. Inspirado no original de 1981, que por sua vez foi uma adaptação vinda do teatro, o novo longa é antes um reboot do que um remake, já que se trata de uma tentativa de renovar (e retomar) a marca Trapalhões.
“Vai ter até crone (sic) de Vin Diesel”, brincou o humorista. “É um filme que demoramos muito pra fazer, porque tem diretor de cena, diretor musical e um coreógrafo”. Na trilha sonora permanecem as canções consagradas de Chico Buarque, incluindo o clássico Piruetas, escrito especialmente para a versão cinematográfica de 1981, além de uma canção inédita, feita para esta nova produção.
Incansável
Do auge dos seus 81 anos, Renato Aragão não pretende parar tão cedo. “Tem um amigo meu que diz ‘Renato, você é igual à GloboNews, nunca desliga’”, brincou. Para o próximo ano, além do longa-metragem, está previsto também um programa de TV. “Vamos ser eu, Dedé e mais quatro”, contou. Apesar do entusiasmo com a volta do grupo, Renato confessa ser enorme a saudade que sente de seus antigos colegas, mais conhecidos como Mussum (1941-1994) e Zacarias (1934-1990). “Vamos começar a fazer um novo programa, com um novo elenco, mas eles são insubstituíveis”, disse com a voz embargada e lágrimas nos olhos.
Passado e presente
O humorista cearense interpreta Didi Mocó há mais de 40 anos e, nesse tempo todo, nunca fugiu ao estereótipo por ele desenhado, do nordestino sofrido e atrapalhado. Isso, porém, em nada o incomoda. “O Didi é o meu único personagem, eu vivo dele, então ele não pode mudar, o que muda são as situações em torno dele”, explicou.
Mas, se por um lado ele é afeito às tradições, por outro também prova estar conectado às novidades. “Netflix? Adoro aquele negócio, vejo os filmes, os documentários. Tenho que ficar antenado, não posso parar”.
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