Referência
no mercado de
cinema no Brasil
Maurício Andrade Ramos esteve 15 anos à frente da Videofilmes, de Walter e João Moreira Salles, e foi produtor executivo de filmes fundamentais como Central do Brasil e Madame Satã. Também atuou na distribuição de filmes como Lavoura Arcaica e Santiago e na exibição de filmes de nicho específico em parceria com Adhemar Oliveira no Circuito Espaço. Há alguns dias, ele foi anunciado como o novo diretor-presidente da Spcine, no lugar de Alfredo Manevy, a partir de 2 de janeiro – Maurício já integra a equipe da empresa desde janeiro de 2015, como diretor de desenvolvimento econômico.
Na entrevista exclusiva ao Filme B, o novo diretor diz que pretende reforçar a São Paulo Film Commission e implementar a política de tax rebate (devolução de impostos) para atrair produções internacionais e projetos de outros estados que queiram filmar na cidade de São Paulo. A construção de dez novas salas do Circuito SPcine em 2017 (20 hoje) também está na pauta – de maio a novembro, as salas receberam 250 mil espectadores.
Como é hoje o seu trabalho no desenvolvimento econômico da agência?
Desenvolvemos muitas ações de fomento e de articulação das linhas de produção, distribuição e exibição. E também nos empenhamos em desenvolver nossa Film Comission. São Paulo é uma cidade muito complicada para se filmar, com uma grande complexidade. Começamos um trabalho junto aos produtores e criamos um aplicativo de cadastro para centralizar todas as demandas na Spcine. A partir disso, estamos fazendo a ligação entre eles e os espaços públicos.
Hoje, já existe a percepção de que as filmagens agregam valor aos espaços. Fizemos um trabalho de readequação dos valores dos prédios públicos. Antes, havia um valor único cobrado para a filmagem de qualquer evento. Propusemos uma tabela diferente de valores, pois naturalmente a publicidade envolve custos maiores, e para um curta-metragem é preciso cobrar o menor valor possível.
Há um projeto de lei em tramitação na Câmara [dos Vereadores] que prevê apenas três dias para a aprovação de filmagens publicitárias e oito para filmagens de cinema. Desde o final de maio, 450 produções de todos os tipos filmaram na cidade, movimentando em torno de R$ 177 milhões. Mesmo num ano de crise como deve ser 2017, tenho a impressão de que poderemos crescer.
O novo Secretário de Cultura, André Sturm, tem falado com entusiasmo da Spcine em entrevistas, sinalizando uma continuidade do projeto. A empresa pode sofrer cortes num ano de contenção do orçamento?
Dentro do Orçamento para 2017, os valores previstos para a Spcine funcionar estao lá [foram R$ 36 milhões investidos nos dois primeiros anos]. Estruturalmente está tudo no lugar certo, mas eventualmente pode haver alguns congelamentos - o que é prudente para se checar como vai ser a arrecadação.
O Circuito Spcine tem hoje 20 salas - as mais recentes foram abertas em Cidade Tiradentes e no Ipiranga. Existe algum estudo de mapeamento de possíveis novas regiões? Há uma perspectiva de construir novas salas fora dos CEUs (Centros Educacionais Unificados)?
A construção de novas salas é um dos nossos assuntos prioritários, uma vez que já temos a fórmula do bolo. Nossa ideia é pensar em umas dez novas salas pro ano que vem. Hoje há 46 CEUs operando em São Paulo, dos quais 15 já possuem salas do Circuito Spcine. É natural que a gente ocupe mais CEUs, mas há outros equipamentos da Prefeitura que podem fazer parte.
Existe alguma área de atuação, ou de capacitação, que você pretende estimular na SPcine?
Hoje a Spcine funciona em âmbito municipal. Vamos buscar o realinhamento com o Estado, com um trabalho em conjunto, que concilie interesses comuns de aproveitamento entre as instâncias municipal e estadual.
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