Referência
no mercado de
cinema no Brasil
Pela primeira vez em dez anos, a Netflix, que só fazia crescer, viu 200 mil de seus assinantes abandonando a plataforma. Hoje com 221,64 milhões de assinantes no mundo, a empresa ainda lidera o segmento, mas tomou um baque com os resultados do primeiro trimestre de 2022.
A notícia pegou a indústria de surpresa, e o resultado desse anúncio foi uma queda chocante na abertura do mercado de ações de hoje. A empresa caiu 35%, perdendo mais de US$ 50 bilhões em valor de mercado. Após o tombo da Netflix, Spotify, Disney e Roku também caíram.
Para se ter uma ideia, a companhia previa ganhar 2,5 milhões de novos assinantes de janeiro a março. Ou seja: ficou 2,7 milhões de assinaturas abaixo da previsão, além de ver suas ações caírem 20% na bolsa. Sua receitas, por sua vez, cresceram 10%, atingindo US$ 7,87 billhões, abaixo dos US$ 7,93 bilhões estimados por analistas. Para o segundo trimestre, a empresa já admite que deve perder mais 2 milhões de clientes.
Destrinchando essa queda, podemos resumir da seguinte forma: a Netflix até conquistou muitas assinaturas, mas não foi o suficiente para compensar as outras perdas. Perdeu assinantes na América Latina (perdeu 350 mil, ficando com 39,61 milhões), América do Norte (640 mil, ficando com 74,58 milhões), Europa, Oriente Médio e África (perdeu 300 mil, ficando com 73,73 milhões), e expandiu seu mercado apenas na região Ásia-Pacífico (ganhou 1,09 milhão, ficando com 33,72 milhões, apesar da suspensão dos serviços na Rússia em retaliação à guerra, o que gerou uma perda de 700 mil assinantes apenas no país).
O saldo final, portanto, acabou sendo negativo: 200 mil assinaturas globais a menos para a Netflix.
Falta de clareza incomoda acionistas
Queixa antiga da indústria, a falta de transparência na divulgação de seus números agora se vira contra a Netflix, pois os acionistas não se sentem seguros em apostar numa companhia cujos dados não são claros — e que não é categórica em relação a que futuro pretende seguir. Isso torna-se especialmente delicado agora, que o momento é de queda.
Por que a Netflix perdeu assinantes?
A melhora da pandemia, que resultou numa menor demanda de conteúdo já que as pessoas estão passando menos tempo em casa, também pode estar entre os fatores que explicam essa queda, até porque o crescimento durante o período pandêmico foi enorme. Outros fatores que ajudam a explicar a queda são o crescimento da concorrência – tanto em quantidade como em qualidade –, bem como o compartilhamento de senhas e a medida anunciada pela empresa de que vai taxar quem adota essa prática. Estima-se que 100 milhões de usuários usam a plataforma sem pagar.
Além disso tudo, a empresa é a que tem mais assinantes no mundo. Logo, é compreensível que seu crescimento seja menor — e que, algum dia, atinja um teto. Resta saber se é isso que indica a queda reportada no balanço do trimestre.
Empresa já admite incluir anúncios
"Em situações excepcionais, são necessárias medidas excepcionais". A frase serve para ilustrar a virada de 180º da maior plataforma de streaming do mundo, que se orgulhava de ser uma das únicas sem anúncios, mas que agora já considera adotar um modelo com propagandas.
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