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no mercado de
cinema no Brasil
O francês Jean Renoir foi muitos. Filho do pintor impressionista Auguste Renoir, começou fazendo curtas experimentais ainda no cinema mudo e depois passou para os longas, preto-e-branco e depois coloridos. Filmou na França, em Hollywood e até na Índia. Foi da fantasia a um realismo social inovador para os anos 30. Acima de tudo, foi considerado um precursor do chamado cinema moderno, que subverteu as regras clássicas de narrativa no cinema.
Depois de passar pelos CCBBs de São Paulo e Brasília, o Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro vai receber, de 1º a 27 de março, a mostra A vida lá fora: O cinema de Jean Renoir. Serão apresentados 27 dos seus 31 longas para cinema, além de um média, dois curtas e um documentário sobre Renoir dirigido por Jacques Rivette, um dos expoentes da Nouvelle Vague.
“Sem Renoir, o cinema teria sido outra coisa. Ele teve pequenos e grandes orçamentos, conheceu o sucesso, o fracasso e a desgraça. Amou seus personagens como poucos - embora isso jamais os livrasse de seus fracassos e tragédias. Não há ajuste ou adequação perfeitas entre imagem, ação e mundo. A vida lá fora é sempre maior, nos diz o cineasta”, comenta o curador da mostra, Julio Bezerra.
Fracasso e exílio
A regra do jogo (1939), hoje considerada sua obra-prima, previa a decadência dos valores humanistas e fazia um retrato impiedoso da sociedade francesa bem no ano em que se iniciava a Segunda Guerra Mundial. Com o país tomado por um orgulho patriótico, o filme foi o maior fracasso comercial da carreira de Renoir e motivou seu auto-exílio em Hollywood, iniciando sua fase americana. Segundo François Truffaut, o longa é “a oração dos cinéfilos, o filme dos filmes, o mais odiado na época de seu lançamento, o mais amado depois dele.” Será exibido em 35mm na mostra.
Indicado apenas uma vez ao Oscar – pelo drama Amor à terra, em 1946 -, Renoir recebeu uma estatueta honorária apenas em 1975, cinco anos depois de dirigir seu último filme, para a TV.
Além de um grande catálogo que inclui textos inéditos, a mostra promoverá um debate e um curso. O debate terá o professor João Luiz Vieira, o pesquisador Hernani Heffner e o curador Julio Bezerra, que conversarão sobre a vida e a obra de Renoir – na quinta, 16 de março, às 19h30, logo após a exibição de A regra do jogo.
O curso acontece nos dias 13, 15 e 17 de março, às 15h, e será ministrado pelo crítico de cinema, jornalista e pesquisador Ruy Gardnier. É gratuito, e as inscrições devem ser feita pelo e-mail jeanrenoirccbb@gmail.com.
A programação com todos os horários estará disponível em breve na página da mostra no Facebook e no site do CCBB.
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