Referência
no mercado de
cinema no Brasil
Depois de nove anos produzindo curtas-metragens e vídeos educativos, a Acere, produtora paulista dos sócios Rune Tavares, Rodrigo Sarti Werthein e Leandro Saraiva, prepara-se agora para uma nova safra, de longas e séries para a TV. No próximo dia 21, com distribuição da Imagem, estreia em cerca de 200 salas o primeiro fruto dessa nova fase, a comédia romântica Entre idas e vindas, que reúne Ingrid Guimarães, Fábio Assunção e Alice Braga.
O projeto foi trazido à produtora pelo diretor José Eduardo Belmonte, de Alemão. Entre idas e vindas foi rodado entre Goiânia e o interior de São Paulo a um orçamento de R$ 2,7 milhões, incluindo R$ 1,2 milhão de Artigo 3º da Paramount e da Imagem, R$ 500 mil da Secretaria de Cultura de Goiás e R$ 870 mil de investidores privados (recursos não incentivados). Ingrid e Fábio Assunção entraram como produtores associados.
No momento, a produtora roda seu segundo longa em São Paulo. A sombra do pai, segundo longa-metragem de Gabriela Amaral Almeida, é uma narrativa realista com toques de fantasia sobre uma garota de nove anos que acredita ter dons sobrenaturais. Confrontada com a depressão do pai, ela acredita que ele está se transformando num zumbi. O elenco tem Julio Machado (Hoje eu quero voltar sozinho) e Luciana Paes (Sinfonia da necrópole). Gabriela também deve rodar com a produtora seu terceiro longa, Contato.
Detroit deserta
Belmonte é também o líder do Núcleo Criativo da produtora, que recebeu aporte de R$ 1 milhão da Ancine na segunda chamada do projeto. O núcleo desenvolve projetos com nomes de prestígio, como o uruguaio Pablo Stoll (diretor de Whisky), o escritor Luiz Eduardo Soares (do livro Elite da tropa) e o crítico e professor Ismail Xavier.
Stoll é um dos roteiristas do projeto mais comerical da Acere. Em Quase deserto, Cauã Reymond e o argentino Leonardo Sbaraglia (Relatos selvagens) serão dois homens que se envolvem numa perseguição a uma jovem numa Detroit apocalíptica e quase inabitada. Com direção de Belmonte, o filme será rodado nos EUA. “O filme será falado meio em espanhol, meio em broken English [o inglês dos imigrantes]. O roteiro vai ter sua versão final até outubro, e já temos duas distribuidoras interessadas”, conta Rune.
Trilogia de Ruy Guerra
O sócio da produtora também desenvolve dois projetos como diretor. Pistoleiros, longa sobre ex-matadores de aluguel que vivem no Rio, será rodado em parceria com Alexandre Boury (de Carrossel - O filme). O segundo, Terra sem males, com roteiro de Soares e Leandro Saraiva, mostra um grupo de soldados que são expulsos à bala de uma vila garimpeira e se embrenham na selva amazônica.
Fora do núcleo criativo, a Acere abraça também um antigo projeto do mestre Ruy Guerra: retomar os personagens dos clássicos Os fuzis (1964) e A queda (1978) vividos por Nelson Xavier, Lima Duarte e Paulo Cesar Pereio, acertando suas contas com a história do país. O mito será a terceira parte dessa trilogia.
Entre as quatro séries em gestação no núcleo criativo (nenhuma ainda negociada com canais) estão O Brasil e seu duplo, em que Luiz Eduardo Soares analisa em cinco episódios as relações entre violência, religião, política, sexualidade e arte no Brasil; e Brasil, a aventura de um cinema, em que Ismail Xavier analisa as diversas fases do cinema brasileiro ao longo de 26 episódios.
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