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no mercado de
cinema no Brasil
Enquanto grandes produtoras como O2 e Conspiração começaram na publicidade, passaram para o cinema e a TV e hoje investem na internet, o Porta dos Fundos fez o caminho inverso. Dona do canal brasileiro com mais inscritos no YouTube (10,6 milhões de pessoas), somando quase 2 bilhões de visualizações, a produtora estreia no próximo dia 2 sua primeira série exclusiva para a TV, O grande González, na Fox. Em janeiro, filma seu primeiro longa para cinema, Porta dos Fundos: Contrato vitalício, que deve estrear em julho de 2016. E avisam: como toda grande produtora, querem produzir publicidade.
“Somos uma produtora em que os sócios são as próprias pessoas que criam o conteúdo. E elas mandam mesmo. Nosso método é ser um panelão criativo”, diz Tereza Gonzalez, produtora hoje responsável pelos projetos do Porta Filmes – e cujo sobrenome inspirou o mágico da série, que morre misteriosamente assassinado no primeiro episódio. Os sócios são Ian SBF, diretor dos vídeos do canal, da série e do longa; Fábio Porchat, Gregório Duvivier, Antonio Tabet (o Kibe Loco) e João Vicente de Castro. “As pessoas nem sabem que somos uma empresa. Outro dia postamos um anúncio avisando que estávamos contratando novo elenco e alguém comentou: ‘vocês contratam?!’”, brinca Ian.
Para a série, a Fox deu total liberdade criativa ao Porta, sem censura de conteúdo ou dos palavrões que aparecem no canal online. “As pessoas podem esperar o mesmo humor dos vídeos. Não é um humor leve ou mastigado. A história não é bobona, é complicadinha de acompanhar. Você precisa sentar e querer entender. A gente não tá fazendo rádio na TV. Quem quiser assistir usando o celular não vai gostar”, diz Ian. Por conta dessa trama “amarrada”, a Fox vai exibir O grande González em duas semanas seguidas, de segunda a sexta, e não em episódios semanais. O contrato prevê mais um projeto para o canal, que ainda não foi discutido. Um outro projeto com o canal Comedy Central começa a ser desenhado.
Sem censura
Ao menos uma vez por semana, os integrantes do Porta se reúnem, presencialmente ou via Skype, para discutir os vídeos da semana e o andamento dos projetos. Como a agenda de cada um é cheia, eles tentam ter ao menos três ou quatro presentes em cada reunião. Ian e Tereza passam mais tempo na produtora. Para os vídeos, o Porta não trabalha com estúdio: filma na própria produtora ou em locações externas.
A produtora conta hoje com cerca de 50 funcionários fixos numa casa em Botafogo, sem contar os temporários contratados na época de projetos maiores como a série. Tereza é contra expandir a equipe. “Somos o mínimo necessário para tocar os projetos”, diz.
Contrato vitalício, o filme, demorou mais para sair do papel do que o grupo gostaria. “O roteiro teve muitas idas e vindas, e nossa prioridade é o canal [no YouTube]. Precisamos manter muitas outras coisas nesse período. Mas no fim deu certo, porque conseguimos rodar a série antes”. Ian e Tereza não falam uma palavra sobre a história, com roteiro de Porchat e Gabriel Esteves, que está sendo mantido a sete chaves. Ian só adianta que a produção vai ter elenco “de fora”, além dos habituais atores do Porta, e que o conteúdo é “naturalmente mais leve”, o que não deve trazer problemas com a classificação indicativa. “Devemos pegar 12, no máximo 14 anos. Mas se pegar 18, também não vamos nos incomodar”, diz Ian.
Com a expansão para outras mídias, o Porta deve desconcentrar um pouco o faturamento, hoje bastante focado no canal do YouTube – que conta com quatro grandes patrocinadores: Coca-Cola, Ford, Asus e C&A, além de vídeos avulsos patrocinados por outras marcas. “Nosso carro-chefe ainda é a internet. Mas muito menos do que antes, nos nossos dois primeiros anos. Este é o primeiro ano em que fizemos TV, uma peça de teatro e o filme”, diz Ian. O desafio será cada vez encontrar tempo para tantos projetos em tantas plataformas.
O grande González
Série em 10 episódios; estreia segunda, dia 2/11
Segunda a sexta às 22h, no canal Fox
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