Ex-RioFilme, Sérgio Sá Leitão mira na produção

Ex-RioFilme, Sérgio Sá Leitão mira na produção

Thiago Stivaletti
16 jul 15

Imagem destaque

Divulgação

Sérgio Sá Leitão, diretor de cinema da Sentimental

Depois de 12 anos de trabalho na administração pública, Sérgio Sá Leitão está de volta ao mercado. O jornalista, que ocupou cargos no Ministério da Cultura, BNDES, Ancine, saiu da Secretaria Municipal de Cultura do Rio e da diretoria da Riofilme há seis meses e agora vive na ponte aérea. Ele assumiu a área de cinema da Sentimental Filme, em São Paulo – produtora que tem como um dos sócios o fotógrafo Bob Wolfenson.

Mais conhecida na área de publicidade, a Sentimental, há 13 anos no mercado, tem apenas dois documentários para cinema no currículo. Com a chegada de Sérgio, a empresa deve acelerar os projetos não publicitários – até o final de 2016, a meta é rodar três longas e duas séries para TV. “O mercado audiovisual vive um movimento anticíclico em relação à economia do país. As possibilidades de produção são muito grandes, em cinema, TV, internet e branded content”, diz o novo produtor.

Condenado

O primeiro projeto anunciado é o longa Condenado à morte, a história de Marco Archer, condenado à morte e executado na Indonésia no início do ano por tráfico de drogas. Adaptado do livro-reportagem do jornalista Ricardo Gallo, o longa será dirigido por Guga Sander, sócio da Sentimental. O argumento está pronto, mas os roteiristas ainda vão ser definidos – o primeiro passo deve ser o acordo com um distribuidor.

“É uma história que vai do sonho ao pesadelo, com elementos de drama e thriller. Vamos valorizar as três semanas em que o Marco conseguiu fugir da polícia dentro da Indonésia antes de ser detido. É um projeto que não pode ser desenvolvido sem o distribuidor e os demais parceiros de mídia desde o início”, diz Sérgio. Parte das filmagens deve acontecer na Indonésia ou algum outro país com locações similares.

O outro projeto já em andamento para a TV é o de Lendas urbanas (título provisório), série de terror em cinco episódios, ainda sem canal definido.

Snowden no Odeon

Mesmo com o novo trabalho, Sérgio não vai deixar o cargo de diretor do Cine Odeon, que reabriu há menos de dois meses na Cinelândia, no Rio, hoje administrado pelo Grupo Severiano Ribeiro. Em oito semanas desde a reinauguração, o cinema contabiliza 30 mil espectadores, quatro festivais de cinema como o Varilux e oito pré-estreias com direito a tapete vermelho – como a do americano Cidades de papel com a presença do autor John Green.

O próximo passo é fazer lançamentos exclusivos de filmes, negociados diretamente pelo Odeon com a distribuidora internacional. O primeiro lançamento no dia 6 de agosto será Citizenfour, vencedor do Oscar de melhor documentário, sobre Edward Snowden, o ex-funcionário da CIA que vazou informações confidenciais da Agência de Segurança Nacional americana.

Arte x mercado

Sérgio pediu exoneração da Secretaria de Cultura do Rio e da presidência da RioFilme depois de enfrentar um debate acirrado com os cineastas do movimento Rio Mais Cinema Menos Cenário, que criticavam o que consideram o excesso de incentivos da empresa às produções mais comerciais e pouca atenção ao cinema de autor.

Sérgio rebate: “Essa é uma argumentação que não se sustenta. Mais de dois terços dos recursos de fomento no Brasil vão para projetos autorais. No Brasil, é paradoxalmente mais difícil conseguir dinheiro para fazer cinema comercial do que cinema de autor”, defende, citando um modelo de fomento de sua gestão na RioFilme: o de 50% de recursos reembolsáveis, mais atrelados ao desempenho comercial, e outros 50% de não reembolsáveis.