Referência
no mercado de
cinema no Brasil
Depois de 12 anos de trabalho na administração pública, Sérgio Sá Leitão está de volta ao mercado. O jornalista, que ocupou cargos no Ministério da Cultura, BNDES, Ancine, saiu da Secretaria Municipal de Cultura do Rio e da diretoria da Riofilme há seis meses e agora vive na ponte aérea. Ele assumiu a área de cinema da Sentimental Filme, em São Paulo – produtora que tem como um dos sócios o fotógrafo Bob Wolfenson.
Mais conhecida na área de publicidade, a Sentimental, há 13 anos no mercado, tem apenas dois documentários para cinema no currículo. Com a chegada de Sérgio, a empresa deve acelerar os projetos não publicitários – até o final de 2016, a meta é rodar três longas e duas séries para TV. “O mercado audiovisual vive um movimento anticíclico em relação à economia do país. As possibilidades de produção são muito grandes, em cinema, TV, internet e branded content”, diz o novo produtor.
Condenado
O primeiro projeto anunciado é o longa Condenado à morte, a história de Marco Archer, condenado à morte e executado na Indonésia no início do ano por tráfico de drogas. Adaptado do livro-reportagem do jornalista Ricardo Gallo, o longa será dirigido por Guga Sander, sócio da Sentimental. O argumento está pronto, mas os roteiristas ainda vão ser definidos – o primeiro passo deve ser o acordo com um distribuidor.
“É uma história que vai do sonho ao pesadelo, com elementos de drama e thriller. Vamos valorizar as três semanas em que o Marco conseguiu fugir da polícia dentro da Indonésia antes de ser detido. É um projeto que não pode ser desenvolvido sem o distribuidor e os demais parceiros de mídia desde o início”, diz Sérgio. Parte das filmagens deve acontecer na Indonésia ou algum outro país com locações similares.
O outro projeto já em andamento para a TV é o de Lendas urbanas (título provisório), série de terror em cinco episódios, ainda sem canal definido.
Snowden no Odeon
Mesmo com o novo trabalho, Sérgio não vai deixar o cargo de diretor do Cine Odeon, que reabriu há menos de dois meses na Cinelândia, no Rio, hoje administrado pelo Grupo Severiano Ribeiro. Em oito semanas desde a reinauguração, o cinema contabiliza 30 mil espectadores, quatro festivais de cinema como o Varilux e oito pré-estreias com direito a tapete vermelho – como a do americano Cidades de papel com a presença do autor John Green.
O próximo passo é fazer lançamentos exclusivos de filmes, negociados diretamente pelo Odeon com a distribuidora internacional. O primeiro lançamento no dia 6 de agosto será Citizenfour, vencedor do Oscar de melhor documentário, sobre Edward Snowden, o ex-funcionário da CIA que vazou informações confidenciais da Agência de Segurança Nacional americana.
Arte x mercado
Sérgio pediu exoneração da Secretaria de Cultura do Rio e da presidência da RioFilme depois de enfrentar um debate acirrado com os cineastas do movimento Rio Mais Cinema Menos Cenário, que criticavam o que consideram o excesso de incentivos da empresa às produções mais comerciais e pouca atenção ao cinema de autor.
Sérgio rebate: “Essa é uma argumentação que não se sustenta. Mais de dois terços dos recursos de fomento no Brasil vão para projetos autorais. No Brasil, é paradoxalmente mais difícil conseguir dinheiro para fazer cinema comercial do que cinema de autor”, defende, citando um modelo de fomento de sua gestão na RioFilme: o de 50% de recursos reembolsáveis, mais atrelados ao desempenho comercial, e outros 50% de não reembolsáveis.
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