Referência
no mercado de
cinema no Brasil
A Netflix encerrou a programação da Comic-Con São Paulo no Auditório Cinemark em grande estilo no último domingo. Com um megapainel de quatro horas de duração – o maior de todo o evento –, a empresa trouxe novidades e o elenco de quatro de suas séries originais: a brasileira 3%, Shadowhunters, Desventuras em série e Sense8. Do lado de fora, uma multidão inconformada por não ter conseguido entrar gritava o nome de Neil Patrick Harris (How I met your mother), que dará vida ao Conde Olafna na nova adaptação dos contos de Lemony Snicket, uma das próximas atrações da gigante do VOD.
O ator foi o último a subir ao palco, às 19h. Muito carismático e engraçado, conversou com o público sobre a produção da série e sua preparação para o papel. No original, a história dos órfãos Baudelaire é contada em 13 livros, que foram divididos em três temporadas pela Netflix, com cada livro sendo desdobrado em dois episódios.
Cada livro se passa numa locação diferente, o que, segundo Harris, exigiu um investimento maior do que o normal da empresa. “No estúdio, a Netflix construía um cenário enorme a cada dois capítulos, depois derrubava tudo e começava outro do zero”, explicou. “Essa operação foi muito cara, mas a série ficou incrível”.
Essa não é a primeira vez que Desventuras em série ganha vida fora dos livros. Em 2004, o astro Jim Carrey viveu o Conde Olaf na versão para cinema dos três primeiros volumes da série. “Quando me convidaram para a série, disseram para eu não assistir o filme. Mas aí li o primeiro livro e o roteiro e não consegui segurar”, contou o ator.
Para ele, a riqueza da descrição dos personagens feita por Lemony Snicket, pseudônimo do escritor e cineasta Daniel Handler, foi fundamental para a sua interpretação. “O processo de construção do personagem foi muito fácil, porque tudo já está escrito nos livros”, disse. “O Snicket descreve tudo com muitos detalhes, então a minha função foi apenas defender os livros”.
Voltada pra crianças e adultos, Desventuras em série estreia na Netflix em 13 de janeiro de 2017.
Produto original brasileiro
Além do seu painel, o elenco de 3%, primeira série original da Netflix realizada no Brasil, que estreou há pouco mais de uma semana, participou de uma coletiva de imprensa em que falou sobre a repercussão da série e os desafios da produção. A história, ambientada no Brasil, se passa em um futuro apocalíptico, depois que diversas crises deixaram o mundo devastado.
Pode soar estranho ao público um sci-fi “made in Brazil”, já que o país não tem tradição no gênero. Mas a atriz Bianca Comparato, protagonista da série, garante que não faltam motivos. “Nosso país é uma grande distopia. A gente não precisa ir muito longe para buscar inspiração”, riu. Mas ela confessa que entende o estranhamento inicial do público: “Eu estava num festival no Ceará e uma menina me contou que prefere ver a versão dublada em inglês, porque ela se sente mais confortável. Talvez seja isso mesmo: o gênero ficção científica já é uma coisa que a gente está acostumado que venha de fora”.
Para realizar a primeira temporada da série, a Netflix investiu R$ 10 milhões - valor bem acima do que se costuma gastar com as produções nacionais, mas não tão grande para uma série futurista.
No painel, depois dos pedidos de “renova, renova!” da plateia, o vice-presidente de marketing da Netflix para a América Latina, Vinny Lozato, invadiu o palco e confirmou a boa notícia, pegando de surpresa até o elenco, que não sabia de nada. As filmagens da segunda temporada começam em 2017.
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