Referência
no mercado de
cinema no Brasil
Um dos principais serviços de distribuição de vídeo por demanda em atividade no Brasil, o NET Now teve um crescimento de 90% em visualizações de conteúdo em 2015. Foram, em média, 16 horas mensais passadas na plataforma, o que equivale a um quinto do tempo total gasto com as transmissões de TV linear da NET. Esses foram alguns dados apresentados por Fernando Magalhães, diretor de programação da NET, durante o RioContentMarket, que se encerrou na última sexta-feira.
O Now, disponível apenas para assinantes dos pacotes da NET, agrega opções de TVoD (transacional, em que se paga por título) e SVoD (subscription, com um valor adicional mensal na assinatura para assistir de forma ilimitada). Atualmente, são 30 mil opções de títulos, que em 2015 foram acessados 450 milhões de vezes.
O fator Netflix
Embora os modelos de negócios sejam diferentes, quando o assunto é o vídeo por demanda, não há quem não traga a Netflix para a mesa. Na participação do serviço durante o encontro de audiovisual não foi diferente. Questionado inúmeras vezes sobre a posição da NET diante do crescimento vertiginoso da empresa americana no Brasil, Fernando foi direto ao afirmar que Now e Netflix, ou qualquer outra plataforma de SVoD, não são serviços excludentes.
A resposta veio em tom de crítica: “Hoje, uma assinatura básica da NET está em torno de R$ 100. Mas, a partir do momento em que os assinantes de R$ 20 da Netflix substituírem os de R$ 100, essa indústria deixa de existir, porque é preciso ter dinheiro circulando no mercado para ele funcionar”. Segundo Fernando, as contas da Netflix não fecham e a empresa estaria se valendo de uma prática semelhante ao dumping, que é, durante um tempo, colocar seu produto à venda por um preço abaixo do valor real, com o objetivo de ganhar mercado e desestruturar seus concorrentes.
Para o diretor, o valor da assinatura cobrado pela Netflix não cobriria os custos de produção e manutenção da empresa, que tem cada vez mais investido em produções originais. “A Netflix é uma empresa pontocom, assim como a Amazon, que levou anos para começar a dar lucro. Acho que ela produz conteúdo próprio não só para obter reconhecimento de mercado, e sim para lá na frente poder brigar à altura de uma HBO, por exemplo, com conteúdos exclusivos. Então poderiam aumentar o valor do seu produto”, declarou.
Olimpíadas em HD
A empresa de TV por assinatura também lançará uma proposta inédita para os Jogos Olímpicos de 2016: mais de 20 canais HD dedicados à cobertura completa do evento, disponíveis on demand e everywhere. O executivo explicou que, apesar do know how da TV linear nas transmissões esportivas, em grandes eventos o modelo antigo geralmente não dá conta da multiplicidade da programação, que muitas vezes envolve competições simultâneas. Os novos canais serão divididos em clusters: um para natação, outro para o futebol, outro para a ginástica e assim por diante. “Você não vai mais ficar perdido naquele mini-resumo que aparece na barra da tela”, adiantou Fernando, que não esclareceu se as opções trarão cobranças adicionais para o assinante.
Gargalo nacional
Apesar da grande oferta de filmes, programas e seriados disponíveis na plataforma (mais de 30 mil), apenas 539 títulos do Now hoje são nacionais. Uma das tônicas da fala de Fernando foi a dificuldade de aquisição de conteúdo brasileiro para a plataforma, que chegou a criar uma rede de agregadoras para tentar minimizar este problema.
“Antes, nós avaliávamos conteúdo por conteúdo. Mas, à medida que fomos criando confiança nesses agregadores, eles passaram a cuidar de tudo, através de contratos guarda-chuva”, explica o diretor, que também apontou como um dos principais entraves a dificuldade de “encodamento” – processo através do qual uma mídia é convertida no formato próprio para ser exibida na web – de muitas produções nacionais, especialmente as independentes.
Sem conteúdo próprio
Questionado sobre a possibilidade de investimento em conteúdo próprio pela NET, Fernando explicou que há uma restrição legal, prevista pela Instrução Normativa n° 100 – que regula as atividades de programação e empacotamento no âmbito do Serviço de Acesso Condicionado (SeAC) –, que proíbe que a NET invista em produção.
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