Mostra do Filme Livre 2016 exibe 205 produções

Mostra do Filme Livre 2016 exibe 205 produções

Thayz Guimarães
04 mar 16

Imagem destaque

Divulgação

Chile em Foco: cena de Calafate, zoológicos humanos

Panorama plural da produção independente recente, a Mostra do Filme Livre chega este mês à 15ª edição, com mais uma perspectiva de crescimento. A seleção de 205 filmes - sendo 35 longas - deve alcançar desta vez 20 mil espectadores, três mil a mais que em 2015, segundo os organizadores. A programação, que percorre do trash ao cinema político, passando pelo infantil e o erótico, ganha agora mais um endereço: o Cine Arte UFF, em Niterói. A cidade fluminense vem se juntar a Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.

Criada em 2002, no Rio, em versão mais enxuta, a mostra seguiu em trajetória ascendente. A edição deste ano começa na capital carioca, entre os dias 9 de março e 4 de abril, e continua por São Paulo (16/3 a 7/4), Brasília (13/4 a 2/5) e Belo Horizonte (25/5 a 13/6), que participou em 2015 pela primeira vez. A edição passada foi recorde, com 1,4 mil inscritos, 209 títulos selecionados e 17 mil espectadores. “Tivemos, novamente, uma excelente média de inscrição [mais de 1,3 mil trabalhos] e estamos nos esforçando muito para fazer o que já era bom ficar ainda melhor”, afirma Guilherme Whitaker, um dos curadores da mostra, ao lado de Gabriel Sanna, Chico Serra, Diego Franco, Ricardo Mansur e Pedro Dantas. 

A 15ª MFL vem cercada de novidades. A primeira delas será já na abertura, que contará com transmissão ao vivo, via internet, no site mostradofilmelivre.com. Guilherme conta que a ideia surgiu de forma despretensiosa, como uma espécie de colaboração mútua com o coletivo Gomeia, ligado ao Cineclube Mate com Angu, de Duque de Caxias. “Ano passado, eles abriram um crowdfunding para um projeto, e um dos prêmios era uma transmissão ao vivo. Isso foi em outubro. Aí eu pensei, ‘pô, vou ajudá-los com isso e ainda consigo um streaming para a mostra’”, diz. A transmissão está a cargo da produtora Dunas Filmes.

Produções internacionais ganham espaço

Destaque da programação deste ano, a Panaméricas Latinas é uma iniciativa inédita para produções internacionais na mostra. O curador conta que a inscrição de filmes estrangeiros não era esperada. “Ano passado, participei de uma curadoria do Minc [Ministério da Cultura] para um edital do Mercosul chamado rede de salas digitais. Lembro de ter mandado um email para a coordenação [do edital], pedindo para divulgar [a mostra], mas foi só isso”, conta, surpreso com a repercussão. De acordo com a organização, todos os seis filmes estrangeiros serão exibidos com legenda em português e nova mostra deve ser anexada ao festival nas próximas edições.

Outra novidade é a chegada da Mostra do Filme Livre ao Cine Arte UFF, o cinema comandado pela Universidade Federal Fluminense, em Niterói, conhecido pela boa projeção 4K. O desejo da parceria já é antigo, mas só agora foi possível concretizá-lo, devido a um período de hiato entre as exibições em Belo Horizonte e Brasília. Em Niterói, porém, a programação não será completa. “Vamos levar apenas seis sessões, de longas e curtas, porque não daria para caber tudo, já que eles só têm uma semana para ofertar”, comenta o curador.

Público terá nova chance de assistir a A história da eternidade

A vasta programação independente promete oferecer um cardápio cheio para todos os gostos, mas merecem destaque produções como A história da eternidade (Ludwig Maia), de Camilo Cavalcante e com Irandhir Santos (O som ao redor), que, em 2015, levou mais de 7 mil pessoas ao cinemas brasileiros; e os inéditos Clarisse ou alguma coisa sobre nós dois, de Petrus Cariry, no qual um pai muito doente revê sua filha e então ressentimentos são postos à mesa; e Ralé, de Helena Ignez, com Ney Matogrosso, Simone Spoladore, Djin Sganzerla e José Celso Martinez no elenco. O filme fala do direito à liberdade e à individualidade sexual.

Depois de apresentada nos CCBBs e no Cine Arte UFF, a Mostra do Filme Livre percorrerá uma seleção de cineclubes independentes. Qualquer iniciativa pode se candidatar. Em 2015, a rede Cineclubes Livres teve 2,7 mil espectadores em mais de 60 cidades. “Este ano, vamos repetir o modelo e queremos crescer em público e em cidades”, diz Guilherme. Para ele, a importância desse circuito está no fato de conseguirem chegar a locais onde não há cinema e a carência cultural é uma realidade.

Confira a programação completa no site da Mostra.