Cinema Novo, documentário de Eryk Rocha sobre o movimento do cinema brasileiro dos anos 60 que teve como expoente seu pai, Glauber, foi selecionado na seção Cannes Classics do Festival de Cannes, que reúne cópias restauradas de filmes antigos e longas sobre a sétima arte.

O filme-ensaio investiga poeticamente o movimento através do pensamento dos seus principais autores: Nelson Pereira do Santos, Glauber Rocha, Leon Hirszman, Joaquim Pedro de Andrade, Ruy Guerra, Cacá Diegues, Walter Lima Jr e Paulo César Saraceni, entre outros.

É o retorno de Eryk ao festival 12 anos depois de seu curta Quimera ter concorrido à Palma de Ouro da categoria. “O filme traz a força, a poesia e a política desse movimento que fecundou e inventou uma nova forma de fazer cinema no Brasil. (...) Uma das matrizes que o filme revela é a interrupção que o movimento sofreu a partir do golpe civil-militar de 1964, e o trágico desdobramento do AI-5 em 1968. Nesse momento, estamos vivenciando um eminente risco de golpe institucional e novamente, uma interrupção. Apesar de serem contextos históricos distintos, há graves semelhanças entre esses dois processos", declarou o diretor.

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Cinema Novo vai concorrer ao prêmio L’Oeil d’Or (Olho de ouro) de melhor documentário do festival, dado por um júri presidido pelo italiano Gianfranco Rosi (de Fogo no mar, vencedor do Urso de Ouro em Berlim) e tendo como um dos integrantes Amir Labaki, diretor do É Tudo Verdade.

Com o documentário, a participação brasileira do festival chega a cinco filmes, número recorde nos últimos anos. Além dele, o longa Aquarius está na competição oficial pela Palma de Ouro. Três curtas foram selecionados – um na seleção oficial, outro na paralela Quinzena dos Realizadores e outro na paralela Semana da Crítica.

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Entre os destaques do Cannes Classics, o diretor Bertrand Tavernier (Quando tudo começa) apresenta seu novo filme, um documentário de mais de três horas sobre a história do cinema francês. A HBO lança no festival um documentário sobre a relação entre as atrizes Debbie Reynolds (Cantando na chuva) e Carrie Fisher (Star Wars), mãe e filha. Em tempos de empoderamento feminino, Et la femme créa Hollywood (E a mulher criou Hollywood) aborda as primeiras grandes estrelas dos estúdios, como Mary Pickford e Lois Weber.

Entre as cópias restauradas, clássicos como O comboio do medo (1977), de William Friedkin; o francês Um homem, uma mulher, de Claude Lelouch, Palma de Ouro em 1966; e o cubano Memórias do subdesenvolvimento (1968), de Tomás Gutiérrez Alea.

Confira a seleção completa da mostra no site do Festival de Cannes.