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O último dia de competição no Cine-PE começou bastante animado. Logo pela manhã, a coletiva de imprensa recebeu Deby Brennand e a equipe de Danado de bom, o filme mais aplaudido do festival. Em formato de documentário, o longa revela as facetas e peripécias musicais de João da Silva (1935-2013), figura pouco conhecida pelo nome, mas famosa por seus versos – são dele quase uma centena de canções gravadas por Luiz Gonzaga, incluindo Danado de bom, Nem se despediu de mim e Pagode russo.
A presença de Gonzaga, ídolo maior de João, é mote recorrente na narrativa. Jordana Berg, montadora do longa, explicou que este foi um dos pontos mais delicados do filme. “Foi um trabalho muito minucioso, tivemos grande preocupação de inserir o Lua na história, mas sem apagar a luz do nosso protagonista, um matuto, caipira e turrão”, disse. Além disso, “a ideia não era fazer uma biografia dele [de João Silva], e sim lançarmo-nos na parte compositora da vida dele”, completou.
Deby Brennand, diretora do filme, conheceu a história de João Silva em 2007, através da produtora cultural Roberta Jansen, e as filmagens tiveram início no mesmo ano. De lá até a finalização da obra em 2015, foram cerca de oito anos, interrompidos, em 2013, pela morte do compositor. “Minha maior dor foi que o tempo todo o João me pedia para ver o filme, para ver um pedaço que fosse, e eu dizia ‘Não, só quando estiver pronto’, e ele acabou morrendo sem ter visto nada”, contou Deby.
Vencedor de quatro editais do Funcultura (pesquisa, roteiro, finalização e distribuição), patrocinado pelo BNDES e financiado pelas leis de incentivo fiscal, Danado de bom teve orçamento de cerca de R$ 800 mil e com isso garantiu para a pesquisa iconográfica a contratação de João Venâncio, maior especialista da área no Brasil. O filme, porém, ainda não foi comprado por nenhuma distribuidora e não tem data de lançamento prevista.
* A repórter viajou a convite do festival
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