Referência
no mercado de
cinema no Brasil
Uma janela fixa para pequenos filmes brasileiros em mais de 20 cidades do país, durante duas semanas num mesmo horário, e por um ingresso de até 12 reais. Esta é a proposta da retomada da Sessão Vitrine, agora com patrocínio de R$ 1,1 milhão da Petrobras, que na nova edição expande de São Paulo para mais de 20 cidades brasileiras – com capitais que incluem Rio Branco, Teresina, Palmas e Goiânia, além de Santos e Niterói, num circuito de 28 salas (confira a lista completa das cidades no site do projeto). O Circuito Spcine, em São Paulo, deve entrar em breve.
São 15 filmes já confirmados – o primeiro é o mineiro A cidade onde envelheço, de Marília Rocha, vencedor do último Festival de Brasília, que estreia no próximo dia 9. A lista inclui Divinas divas, documentário de Leandra Leal premiado no Festival do Rio; Rifle, do gaúcho Davi Pretto, selecionado em Berlim; o aclamado Martírio, de Vincent Carelli, documentário sobre o genocídio dos guarani-kaiowá; e coproduções internacionais como o português O ornitólogo e o argentino Os territórios – veja a lista completa.
Valor menor
O valor de até R$ 12 para o ingresso é subsidiado pela Petrobras. "Entendemos que deve haver subsídio para um filme que o espectador normalmente desconhece", disse a diretora da Vitrine, Silvia Cruz, na coletiva de lançamento do projeto no Espaço Itaú Augusta, em São Paulo. “Nada impede que o filme fique mais de duas semanas em cartaz se tiver sucesso, ou que vá para outros cinemas que não fazem parte do projeto. E a ideia é fazer com que, logo depois de sair dos cinemas, os filmes já possam ser vistos em outras janelas, como o VOD", completa.
A Sessão Vitrine terá também a opção de um Cartão Fidelidade, vendido em qualquer cinema do projeto, a um custo de R$ 60 a inteira e R$ 30 inteira (válido para três meses) e R$ 120 a inteira e R$ 60 a meia (seis meses). Com esses valores, há um desconto de R$ 12 para R$ 10 por filme.
Buscando o nicho
Silvia apresentou dados do mercado que indicam o potencial dos filmes de pequeno público. Em 2016, 66% dos 143 filmes brasileiros lançados tiveram público de até 10 mil espectadores em sala. "Não é um cenário que acontece só no Brasil, mas também na Argentina, na França e outros países”, disse. Por outro lado, o circuito para filmes independentes encolheu em cinco anos – de 350 salas, quando a distribuidora Vitrine foi criada, para 306 salas em 2015, com dados da Ancine.
Para as datas de lançamento, a Vitrine deve buscar datas temáticas que potencializem a divulgação dos filmes. Martírio será lançado em 13 de abril, para pegar o Dia do Índio no dia 19. Divinas divas deve entrar em cartaz em 15 de junho, fim de semana da Parada Gay em São Paulo. Os diretores vão participar de debates após as sessões em algumas cidades.
"Num momento em que o cinema autoral brasileiro é atacado, é importante mostrar esses filmes em bloco. Muitos desses ataques acontecem porque o público hoje não tem acesso a eles", diz Davi Pretto, de Rifle. "Lancei mais de 20 filmes e vi como alguns filmes importantes caíram num limbo por não receberem a devida atenção dos distribuidores e do circuito", afirmou Leandra Leal.
O lançamento contou com a presença na mesa de Rosana Alcântara, diretora da Ancine, em seu último dia de mandato – a partir desta semana, ela será substituída por Sérgio Sá Leitão.
*O editor-assistente viajou a convite da Vitrine Filmes
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