Referência
no mercado de
cinema no Brasil
Depois de muita expectativa, o cinema brasileiro começa nesta quinta, dia 30, a fazer um grande teste: quanto vale um grande fenômeno na internet nas bilheterias? A Downtown/Paris estreia em 515 salas em todo o país Porta dos Fundos: Contrato vitalício, o primeiro longa-metragem do grupo de maior sucesso na rede, com 12 milhões de seguidores em seu canal no Youtube.
Segundo Bruno Wainer, da Downtown, há componentes antigos e outros novos na estratégia de lançamento do filme. “Sempre oferecemos um contraprograma no circuito no mês de julho, pois nem só de filme infantil e de super-herói vive o público. E sempre deu certo. O filme do Porta será a única comédia em cartaz nas férias, brasileira ou americana. Estamos acreditando nisso”, diz, em entrevista ao Filme B. Em 2015, a comédia da vez foi Meu passado me condena 2, que vendeu 2,6 milhões de ingressos.
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Contrato vitalício vai encarar a concorrência da maior estreia da Disney no ano, Procurando Dory, sequência de Procurando Nemo que vem quebrando recordes nos EUA. “Mas não dá pra gente se medir pela Dory, um filme que está mirando mais de mil salas e uma venda de 10 milhões de ingressos. O que a gente precisa é, dentro da nossa realidade, se manter competitivo pra ter essa avenida inteira das férias pra trilhar”, explica. Outro forte concorrente entre os jovens, Esquadrão suicida, com os anti-heróis da DC Comics, só estreia cinco semanas depois.
Ajuda dos youtubers
Por outro lado, o primeiro filme baseado em um fenômeno na internet teve, para a Downtown, a vantagem de trazer toda uma base de dados sobre o público do Porta, que está ajudando a mapear o lançamento nos cinemas. Contrato foi o maior investimento já feito pela Downtown em mídia online – há também inserções nas TVs abertas e paga, com exceção da Globo, uma vez que o longa não tem coprodução da Globo Filmes. “Em breve vamos desequilibrar esse investimento em favor da web para todos os filmes”, diz Bruno.
A distribuidora contratou serviços de tracking (rastreamento) de cliques de suas ações e anúncios, como o Google Analytics, para entender qual é o público potencial do cinema. Os esquetes do grupo são mais populares na faixa dos 14 ou 35 anos, com uma leve predominância entre os homens. “É o público que consome a web. Vamos ver se esse voto é transferível para o cinema”, compara.
A Downtown conseguiu a classificação de 14 anos para o longa – que não tem nenhuma cena de sexo ou violência passíveis de uma classificação mais rígida.
Na exibição do filme à imprensa na última terça em São Paulo, seguida de coletiva com o diretor Ian SBF e os atores, foram convidados 20 jovens youtubers e influenciadores digitais que costumam falar do Porta em seus canais. Segundo Tereza Gonzalez, produtora do Porta dos Fundos, nenhum deles fechou contrato pago de divulgação para o filme. “Os youtubers são nossos amigos, é a nossa turma. Não é uma ação de mídia”, diz.
De acordo com Bruno, os vídeos do Porta vão melhor nas grandes capitais e nos estados do Rio, São Paulo e da região Sul, com menos apelo no Norte e Nordeste, o que ajudará a traçar o circuito de salas em que o filme entra nesta quinta.
Porta dos Fundos – Contrato vitalício teve orçamento total de R$ 5,6 milhões. O filme foi autorizado a captar R$ 7,5 milhões via Lei Rouanet, mas não utilizou dinheiro do mecanismo – outras leis de incentivo foram usadas para captar recursos da telefônica Oi e da Caixa Seguradora.
*O repórter viajou a convite da Downtown
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