Referência
no mercado de
cinema no Brasil
O namoro de Hollywood com a China pode ter um 2017 turbulento. De acordo com reportagem do Hollywood Reporter, a ascensão do protecionismo estatal chinês, especialmente em relação à indústria audiovisual, ameaça prejudicar as transações bilionárias que caracterizaram os negócios entre as duas nações em 2016 no setor.
Em dezembro, o governo chinês anunciou que está monitorando transações “irracionais” de empresas locais no exterior. Esse controle será dirigido a alguns setores específicios, como esportes, mercado imobiliário e cinema. As condutas seriam normatizadas em um documento ainda não divulgado.
O ano de 2016 foi a coroação de uma série de investimentos pesados vindos de players chineses nos Estados Unidos, entre eles a compra da Legendary Entertainment pelo Dalian Wanda Group, por US$ 3,5 bilhões; a injeção da Alibaba na Amblin, produtora de Steven Spielberg; e os US$ 500 milhões despejados pela Perfect World Pictures, de Pequim, em 50 filmes da Universal.
Compra cancelada
Em um rascunho das novas regras obtido pela imprensa, o governo chinês passaria a investigar transações acima do US$ 1 bilhão no exterior caso o negócio esteja fora da área de atuação principal do investidor. Foi o caso, por exemplo, da Voltage Entertainment, produtora de Clube de compras Dallas, que anunciou em novembro sua venda para a Anhui Xinke, empresa asiática fabricante de cabos e fios. As companhias acabaram voltando atrás, não se sabe se já por influência da postura estatal da China.
O governo chinês estaria preocupado com a fuga de capital e com a possibilidade de companhias locais estarem usando transações espetaculosas para elevar o preço de suas ações. Analistas ouvidos pelo Hollywood Reporter preveem que a partir de 2017 será mais difícil fechar acordos do gênero.
Também não deve ajudar o fato de o presidente eleito americano, Donald Trump, ter anunciado o nome de Peter Navarro para o recém criado Conselho Nacional do Comércio. O professor de economia é autor do livro Death by China, um ataque violento às políticas de comércio do país asiático.
No Congresso, resistência
Nos EUA, cresce a resistência ao enlace de Hollywood com o capital chinês. Recentemente, o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, divulgou uma carta na qual sugere que a compra em massa de empresas americanas por parceiras da China seja acompanhada pelo governo para examinar possíveis indícios de que seja uma ação orquestrada.
No entanto, o magnata Jack Ma, fundador da gigante Alibaba, teve uma reunião com Donald Trump no último dia 9 em tom amistoso. Ele prometeu criar cerca de um milhão de empregos nos Estados Unidos. Yu Yongfu, chefe de entretenimento do conglomerado, disse que planeja investir US$ 7,2 milhões em mídia nos próximos três anos, com foco em conteúdo.
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