Referência
no mercado de
cinema no Brasil
Enquanto a Netflix se recusa a dar dados mais detalhados da audiência de seus filmes e séries, uma plataforma menor de VoD está divulgando seus dados de faturamento para mostrar que, sim, pode valer a pena lançar um filme online antes dos cinemas. É a Radius, um braço da Weinstein Company dos irmãos Bob e Harvey Weinstein, selo que busca estratégias de lançamento compatilhado entre cinema e VoD.
No último dia 21 de julho, a Radius lançou no chamado Ultra VoD – estreia online antes dos cinemas – a comédia romântica Before we go, com Chris Evans, o astro das franquias Capitão América e Vingadores. Em menos de três semanas, o longa faturou US$ 1,13 milhão em acesso pago na plataforma. Ainda é cedo para dizer se a cifra é boa e ruim, já que há pouca base de comparação com outros longas que adotaram a mesma estratégia. Mais de seis semanas depois, no dia 4 de setembro, a Radius pretende lançar Before we go nos cinemas americanos, em circuito limitado.
Outro número divulgado pela empresa recentemente foi de A Lego brickumentary, documentário sobre a criação e disseminação dos brinquedos Lego, na esteira de Uma aventura Lego, lançado pela Warner em 2014. O documentário foi lançado simultaneamente no VoD e no cinema. Na internet, conseguiu US$ 312 mil em uma semana de “bilheteria VoD”. Nos cinemas, foi lançado em 93 salas pelos EUA, obtendo US$ 43 mil no fim de semana da abertura e US$ 84 mil totais até o momento.
Keanu samurai
Tom Quinn e Jason Janego, criadores do Radius, começaram a divulgar seus dados em 2013, com o filme de artes marciais Man of Tai Chi, dirigido e estrelado por Keanu Reeves. O longa saiu primeiro em VoD, com uma “janela inversa” de pouco mais de um mês para os cinemas. A Radius divulgou faturamento de US$ 1,5 milhão na plataforma online – lançado depois em 110 salas, arrecadou US$ 100 mil.
Desde então, boa parte dos filmes lançados ali tem seus números divulgados, pavimentando o caminho para que outras plataformas (Amazon, iTunes, Netflix) façam o mesmo.
Futuro incerto
Mas não se sabe por quanto tempo a divulgação dos dados da Radius vai sobreviver. Segundo a “Variety”, Quinn e Janego estariam de saída da empresa. A ideia da dupla é começar uma pequena distribuidora exclusivamente para cinema, abandonando o novo modelo. Eles estariam discutindo com os Weinstein a criação de um selo de filmes exclusivamente de nicho nos moldes do Sony Pictures Classics, focado no lançamento theatrical dos filmes.
A saída dos dois – e de outros executivos importantes nos últimos tempos – pode sinalizar uma crise de identidade para a Radius. Por um lado, a Weinstein preza demais as indicações de seus filmes ao Oscar, e os lançamentos antecipados em VoD desqualificam os títulos para a disputa. Por outro, o poder e a popularidade da Netflix ainda faz com que atores e produtores de peso como Brad Pitt, Angelina Jolie e Adam Sandler topem embarcar em projetos da poderosa companhia, mas não de outros concorrentes menores como a Radius.
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