Referência
no mercado de
cinema no Brasil
Diversidade, diversidade, diversidade. O mantra repetido muitas vezes na mesa da Globo Filmes, nesta sexta, no RioContentMarket, mostra o quanto o mercado - e, por tabela, o braço de cinema do Grupo Globo - mudou nos últimos anos. Entre as novidades mais recentes, está a entrada do cineasta Fernando Meirelles no comitê artístico, em meados de 2015. Por Skype, o diretor de Cidade de Deus, agora também responsável pela supervisão de projetos na empresa, participou do debate com entusiasmo juvenil. E mencionou algumas dessas mudanças.
"Antigamente, a Globo Filmes entrava praticamente no fim dos projetos, apenas distribuindo mídia. Agora, quanto antes chegamos, melhor. Começamos com nosso time muito bom de leitores, que analisa cada um. Depois, os selecionados ganham um supervisor, que acompanha desde a escolha do elenco até a distribuição", explicou Meirelles, que no momento cuida de 14 projetos.
Além do diretor, que é sócio da produtora O2, participaram da mesa os outros membros do comitê artístico - Guel Arraes e José Alvarenga Jr. - e o diretor executivo, Edson Pimentel. O veterano Guel também lembrou dos primórdios da empresa cinematográfica. "Quando fui fazer meus primeiros filmes, havia uma discussão muito grande sobre se o que eu fazia era cinema ou televisão. Eu brincava dizendo que estava criando cinevisão", provocou.
Médios no cinema, gigantes na TV
Os tempos da assinatura estética marcante da Globo Filmes foram aos poucos ficando para trás enquanto a empresa foi ampliando seu espectro e espelhando públicos mais variados dentro da produção nacional. "A gente se deu conta de que filmes brasileiros de bilheteria pequena ou média nos cinemas, como Verônica ou Que horas ela volta?, tinham audiência de filme grande na televisão. Percebemos que podíamos entrar em projetos mais do começo, antes do roteiro pronto, quando achássemos que depois podiam abrir o leque e interessar um público maior na TV", disse Guel.
"É importante não fazermos os filmes que a gente quer, mas ajudarmos o diretor a fazer o filme que ele quer. Temos no momento projetos de terror, policiais, musicais, filmes políticos", completou Alvarenga. "A diversidade que procuramos não é só de gênero. É etária, regional, de viés ideológico", afirmou Cacá.
Lista variada de projetos
Entre os projetos com participação da Globo Filmes hoje estão os longas de dois curta-metragistas em ascensão, o baiano radicado no Paraná Aly Muritiba e o cuiabano Bruno Bini. Estão em produção ainda O filho eterno, adaptado do livro de Cristóvão Tezza; Sob pressão, trama ambientada em um hospital de subúrbio carioca com direção de Andrucha Waddington e produção da Conspiração; e Magal e os Formigas, de Newton Cannito, passado na periferia de São Paulo. Com estreia marcada para outubro, Shaolin do sertão, de Halder Gomes (Cine Holliúdi), é uma aposta certa para a TV, seguindo o sucesso da comédia anterior do cineasta cearense na sessão Supercine.
A sinergia entre cinema e televisão continua sendo a tônica da Globo Filmes, espraiada por cada vez mais tentáculos. Atualmente, há nada menos que 60 documentários em produção, que depois de esgotar a janela cinematográfica devem entrar na grade da GloboNews. Longas infantis como Pluft, O pequeno Colombo, Arca de Noé e Detetives do prédio azul também estão na lista. A ideia é cobrir uma lacuna na produção. "Ainda não existe uma presença forte de filmes brasileiros para crianças nos cinemas. Queremos fazer com que esses projetos sejam economicamente viáveis pensando na futura janela do canal Gloob. A ideia é fazer esse ciclo virtuoso começar a girar", disse Edson.
Se antes os longas brasileiros tinham brechas restritas na grade da TV Globo, hoje estão presentes em diversos horários. "A Globo tem seis ou sete janelas para filmes e todas elas atualmente são ocupadas por filmes brasileiros", observou Meirelles. "Não faz sentido hoje um diretor ter resistência à televisão. Com os aparelhos disponíveis agora, um espectador pode ver seu filme com uma qualidade e detalhes incríveis", disse o cineasta.
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