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Representante brasileiro na disputa à Palma de Ouro, Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, mostrou a que veio no Festival de Cannes nesta terça-feira, em uma sessão marcada por aclamação e protestos. Antes da exibição, o diretor, elenco e equipe técnica cruzaram o tapete vermelho com cartazes chamando o impeachment da presidente Dilma Rousseff de “golpe de estado”. Ao fim da sessão, o público aplaudiu o filme por mais de cinco minutos.
Depois da boa recepção internacional de O som ao redor, o mais novo longa de Kleber era um dos títulos mais cercados de expectativa em Cannes, na lista de veículos internacionais como a Variety. O diretor e o elenco, formado por Sonia Braga, Maeve Jinkings e Humberto Carrão, aproveitaram a atenção para dar seu recado. No topo da escadaria do Palácio dos Festivais onde a imprensa do mundo costuma dirigir seus flashes, abriram cartazes em inglês e francês com dizeres como “Um golpe ocorreu no Brasil”, “O mundo não pode aceitar esse governo ilegítimo” e “Chauvinistas, racistas e corruptos como ministros”.
O protesto continuou dentro da sala, onde um cartaz maior foi erguido entre os assentos, com a frase “Parem o golpe no Brasil”. A manifestação foi destaque do britânico The Guardian, que classificou a recepção do público como “um êxtase de aplausos”. Também ganhou destaque nas redes sociais, em com tuítes como da própria Dilma, que postou “um beijo em nome da democracia”, e nas agências internacionais de fotografia.
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No filme, Sonia Braga vive uma crítica de música aposentada que luta contra a especulação imobiliária para preservar o prédio onde mora, na orla de Boa Viagem, no Recife. A história retoma elementos de O som ao redor, como diferenças de classe e a degradação urbanística dos centros urbanos. Foram duas sessões nesta terça, uma para a imprensa, mais cedo, seguida pela gala.
O longa de Kleber compete com outros 20 títulos pela Palma, incluindo os elogiados Paterson, de Jim Jarmush, e Julieta, de Pedro Almodóvar. O Brasil não participa da disputa pela estatueta desde 2012, com Na estrada, de Walter Salles, uma coprodução internacional com elenco de Hollywood e diálogos em inglês. A última (e única) vez em que o país saiu vitorioso foi em 1962, com O pagador de promessas.
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