O menino e o mundo ganha novo fôlego

O menino e o mundo ganha novo fôlego

Gustavo Leitão
22 jan 16

Imagem destaque

Divulgação

Cena da animação: estreia no Japão entre os planos

Passado o susto da indicação ao Oscar, a animação brasileira O menino e o mundo começa a colher os frutos da boa nova. O filme de Alê Abreu voltou aos cinemas esta semana, ainda que em circuito e horários reduzidos. As sessões são em três cinemas de São Paulo e três do Rio. Na carreira internacional, a inclusão no prêmio já afetou seu plano de lançamento em cinema e outras plataformas.

A nova passagem pelos cinemas inclui sessões em duas salas do Espaço Itaú da Augusta e no Caixa Belas Artes, na capital paulista, e em três cinemas do Rio: Itaú de Botafogo, Odeon, e Cine UFF, em Niterói. Distribuído no circuito brasileiro pela Espaço Filmes, a animação estreou em janeiro de 2014. Continuou em exibições esporádicas por 2015 e retornou graças ao anúncio de sua indicação, no último dia 14. Até agora, o filme fez em torno de 35 mil espectadores.

Mais cinemas nos EUA e outras plataformas

Responsável pela vendas internacionais de O menino e o mundo, a Elo Company comemorou a indicação como uma espécie de renovação do potencial internacional do longa, que já foi vendido para 90 países. “O valor do filme com o Oscar sobe drasticamente. Apesar de ser um filme talhado para festivais, não imaginávamos essa notícia”, conta Sabrina Nudeliman Wagon, diretora executiva da distribuidora.

Segundo Sabrina, desde o início a estratégia de internacionalização da animação foi dirigida ao theatrical e aos festivais. Em 2014, seu alcance foi significativamente ampliado pelos dois prêmios que levou no Festival de Annecy, o principal dedicado ao gênero, incluindo o de melhor filme. “Podíamos ter optado pela janela da TV, que seria uma receita de curto prazo interessante, mas preferimos privilegiar os cinemas. Marcamos o lançamento restrito em Los Angeles e Nova York para habilitar para o Oscar. Também fizemos lobby e divulgação nas revistas especializadas”, afirma.

Agora, a GKids, distribuidora que explora o filme nos Estados Unidos, pretende ampliar o circuito. Ainda há mercados importantes a explorar, como o japonês, onde a estreia está acertada para os próximos meses. “A indicação veio em um momento em que temos poucos territórios livres para o theatrical. Agora começa a venda para esses países e a exploração das segundas janelas dos lugares por onde já passou”, explica Sabrina.

No Brasil, janela de TV é a próxima

No Brasil, ainda resta o mercado de TV paga, aberta e o video on demand. A primeira estreia será na HBO, inicialmente marcada para fevereiro, mas que pode ser adiantada em função do Oscar. Depois, os direitos de exibição vão para as mãos da Turner e da Fox, nesta ordem. “Também recebemos uma proposta de TV aberta, que estamos negociando”, diz a diretora. Fora do país, estão acertadas lançamentos em redes de televisão e VOD da África.

Para Sabrina, a explicação do prestígio e do alcance do filme está relacionada à temática. A história, contada sem diálogos, é centrada em um menino que busca o pai e, nessa jornada, descobre as engrenagens de um mundo globalizado. “É um tema universal, mas parte de uma inspiração bem local, com um colorido político. Pouca gente sabe, mas o Alê pensou na trama a partir do livro As veias abertas da América Latina, do Eduardo Galeano”, revela Sabrina.

A cerimônia do Oscar será no dia 28 de fevereiro. O longa concorre na categoria animação com Divertida mente, da Pixar, tido como favorito, Anomalisa, de Duke Johnson e Charlie Kaufman, Shaun: O carneiro, da inglesa Aardman Animation, e As memórias de Marnie, do Studio Ghibli.