Produtora de Aquarius antecipa próximos projetos

Produtora de Aquarius antecipa próximos projetos

Thiago Stivaletti, de Cannes
19 mai 16

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Divulgação

Emilie Lesclaux: parceira desde 2008

No Festival de Cannes, a imprensa do mundo todo fala de Sonia Braga e do diretor Kleber Mendonça Filho como os grandes responsáveis pelo sucesso do brasileiro Aquarius, que conquistou a crítica e tornou-se sério candidato a prêmios. Mas sempre ao lado do diretor está outra grande responsável pelo resultado do longa: a produtora francesa Emilie Lesclaux, mulher do diretor e sua principal parceira artística.

Nascida em Bordeaux, de mãe argentina e pai francês, ela trabalhava no Consulado da França no Recife quando conheceu Kleber, na época crítico de cinema e programador da sala da Fundação Joaquim Nabuco. Ela começou então a colaborar na produção dos primeiros curtas do diretor, como Vinil verde e Eletrodoméstica.

Aos poucos, a colaboração foi se ampliando. Em 2008, eles fundaram a produtora CinemaScópio, incubadora dos projetos seguintes da dupla. Emilie foi a responsável pela produção do primeiro longa de Kleber, o documentário Crítico (2008), sobre a conturbada relação entre cineastas e críticos de cinema, no qual ela também assumiu a montagem.

Mas foi o primeiro longa de ficção do casal, O som ao redor (2012), que impôs os maiores desafios. Foi a primeira vez que Emilie trabalhou com um orçamento maior (R$ 1,8 milhão) e cuidou de uma produção que envolveu cerca de 30 locações diferentes, sem nenhum estúdio – os apartamentos do filme, por exemplo, eram apartamentos reais do Recife.

Primeira coprodução internacional

Aquarius marca a primeira coprodução internacional da CinemaScópio. Para conseguir os R$ 3,4 milhões necessários, ela foi compondo um orçamento que incluía R$ 1 milhão do BNDES, R$ 250 mil do Funcultura, R$ 300 mil da Videofilmes de Walter e João Moreira Salles e aportes diretos de alguns parceiros pessoa física interessados no projeto.

O braço internacional foi a SBS, produtora do franco-tunisiano Saïd Ben Saïd, que já botou de pé projetos de Roman Polanski (Deus da carnificina) e David Cronenberg (Mapas para as estrelas). A empresa destinou mais 300 mil euros ao projeto. “Quando o procuramos, nem tínhamos ainda uma versão do roteiro em inglês. Mas ele havia gostado muito de O som ao redor e decidiu nos apoiar antes mesmo de ler”, conta a produtora. Nas filmagens, a mesma receita de usar apenas locações reais – o apartamento onde vive a personagem de Sonia Braga fica no edifício Oceania, último prédio antigo na orla da Boa Viagem.

Neste momento, a CinemaScópio tem alguns projetos na fila, mas o ritmo depende da repercussão de Aquarius em Cannes, até agora excelente, que deve demandar forte trabalho de divulgação nos festivais internacionais e resultar  em premiações nos próximos meses. O carro-chefe é o próximo longa de Kleber, Bacurau, sobre o qual o diretor diz apenas que será um filme de horror situado na localidade agreste do sertão pernambucano que dá nome ao filme. O projeto será codirigido por Juliano Dornelles, diretor de arte de Aquarius.

Série de TV e longas de outros diretores

Em preparação, está uma série de dez episódios sobre antigas salas de cinema espalhadas pelo mundo, com direção-geral de Kleber, ainda não negociada com canais de TV. Cada episódio ficará a cargo de um diretor, como Fellipe Barbosa (Casa grande) e Leonardo Sette.

Para a tela grande, a CinemaScopio começa a ir além dos projetos do diretor. Em pós-produção, O ateliê da rua do Brum será o primeiro longa de Dornelles, uma história passada no mundo das artes plásticas. Em pré-produção a ser rodado na Amazônia, está Isolar, de Leonardo Sette. O filme mostrará o líder de uma equipe de proteção a índios isolados na floresta que precisa lidar com duas ameaças: sequestros e assassinatos ocorridos entre eles e a construção de um gasoduto que avança dentro da área indígena.