Campanhas retomam o “somente nos cinemas” para atrair público de volta às salas

Campanhas retomam o “somente nos cinemas” para atrair público de volta às salas

Redação
14 jul 22

Os principais estúdios de Hollywood estão buscando "reeducar" os espectadores quanto à exclusividade theatrical, que volta a ser majoritária no mercado. E a ferramenta principal vem na forma de uma frase utilizada pelo setor e conhecida pelo público há anos: “somente nos cinemas”. O objetivo é melhorar a comunicação com o público e incentivar o retorno aos complexos.

Se antes o uso da frase visava apenas atrair o público para as salas, agora comunica também que o longa não terá um lançamento simultâneo no streaming ou uma estreia exclusiva nas plataformas digitais. Até pouco tempo atrás, exibidores reclamavam que os espectadores não sabiam se um filme estava em cartaz nos cinemas ou se seria lançado apenas nas plataformas.

“Para que as pessoas reconheçam a diferença, temos que ser insistentes”, disse Josh Goldstine, presidente de marketing da Warner Bros., à Variety sobre o assunto. A distribuidora é uma das mais empenhadas no trabalho nesse sentido. Afinal, nos EUA, todos os títulos lançados pela major em 2021 chegaram simultaneamente nos cinemas e no HBO Max.

Em suas campanhas no Brasil, a Warner também ressalta a exclusividade theatrical. Em suas redes sociais, por exemplo, o “somente nos cinemas” aparece em todas as publicações: seja na imagem, na legenda ou em ambos. 

A estratégia também é adotada pela Disney, Paramount, Sony e Universal, e vem em boa hora. Isso porque, atualmente, mais de 60% da população acima dos 18 anos no Brasil já tomou a dose de reforço do imunizante, a média móvel de casos de Covid-19 está em estabilidade e já foram liberadas as restrições anteriormente impostas à atividade cinematográfica.

Vale lembrar que nenhum desses fatores era uma realidade quando o setor se uniu na campanha #JuntosPeloCinema, em 2020, por exemplo. O esforço coletivo promoveu o festival De Volta para o Cinema, que consistiu na reprise de títulos consagrados, mas sem a presença de novos blockbusters, que é o que atualmente impulsiona as bilheterias de volta à normalidade.

É justamente por ter o potencial de retomar e até superar os resultados pré-pandêmicos que esses títulos precisam destacar sua primeira e exclusiva janela, segundo reportagem da Variety — especialmente no caso de mercados como os EUA, que concentraram uma grande diversidade de modelos de lançamento.

Pesquisa revela confusão de público sobre janelas de exibição

Para se ter noção, uma pesquisa conduzida pela Guts+Data revelou que 48% do público sabiam que Minions 2 - A origem de Gru (Universal) estrearia exclusivamente nos cinemas, enquanto 40% acreditavam que o longa teria um lançamento híbrido, e 12%, uma estreia exclusiva no streaming.

No caso de Thor - Amor e trovão (Disney), a porcentagem de acerto foi um pouco maior: 52% sabiam que o longa ganharia os cinemas primeira e exclusivamente. Mas, ainda assim, 38% dos participantes achavam que a produção Disney/Marvel teria lançamento simultâneo do Disney+, e 10% pensavam até mesmo que o longa iria diretamente para a plataforma.

Divulgação
'Thor - Amor e trovão'

A pesquisa também revelou que os títulos produzidos por serviços de streaming têm influência nessa confusão causada no público. Isso acontece porque, mesmo antes da pandemia, esses longas — muitas vezes protagonizados por grande elenco — já tinham uma janela theatrical reduzida ou estreavam exclusivamente nas plataformas. Com isso, ao ver peças publicitárias de filmes, os espectadores acabam sem saber onde poderão assistir à produção. 

Para 38% dos participantes da pesquisa, por exemplo, Agente oculto (Netflix), estrelado por Ryan Gosling e Chris Evans, estrearia primeiro nos cinemas. E, apesar de o longa chegar de forma limitada às telonas, seu alcance não é o mesmo dos demais blockbusters que têm lançamentos tradicionais.

“Há muito conteúdo sendo comercializado diariamente, de forma subliminar ou explícita. Isso [o destaque para a exclusividade theatrical] ajuda os consumidores a saber que é um filme para os cinemas,” afirma Marc Weinstock, presidente de marketing e distribuição mundial da Paramount.

Casos na Warner preocupam setor

Apesar da campanha em curso, vale lembrar que a pandemia também segue contaminando e preocupando. Ontem, por exemplo, foi atualizado o número de infecções confirmadas na Warner Bros., em Los Angeles, que já totaliza 43 funcionários. De acordo com o Deadline, essa é a maior concentração em um estúdio em todo o período pandêmico. 

No geral, a subvariante BA.5 impulsionou o número de casos de Covid-19 em Los Angeles, e, se os níveis se mantiverem altos nas próximas duas semanas, as autoridades devem retomar o uso obrigatório de máscaras em locais fechados — o que inclui os cinemas.