Referência
no mercado de
cinema no Brasil
Ao contrário do ano passado, 2022 começa com uma perspectiva bem mais otimista no que diz respeito à indústria de cinema. É verdade que a ômicron vem despertando temor e incertezas mundo afora, com fechamento de complexos na Europa, adiamentos (Morbius, da Disney, foi de janeiro para abril) e mudanças no formato de eventos (o Festival de Sundance voltará ao modelo 100% virtual). Mas boa parte dos profissionais do setor concorda que o avanço da vacinação, a experiência da população em lidar com novas variantes e o fim das estreias híbridas sinalizam que o pior já passou.
Imunização infantil impulsiona bilheterias
O grande desafio continua sendo a resistência de certos grupos demográficos em voltar aos cinemas, mas isso está mudando. O público infantil começou a frequentar em peso os complexos americanos apenas após a aplicação da vacina em crianças acima de 5 anos. Sing 2 (Universal), que estreia hoje no Brasil, foi o mais beneficiado nos EUA com este avanço, tendo ultrapassado Encanto (Disney) como a animação de maior bilheteria da pandemia. Por aqui, a aplicação do imunizante em crianças acaba de ser liberada, e tem início em algumas regiões já a partir do próximo dia 17.
"O ano de 2021 foi um tempo de transição e experimentação", afirmou o presidente de distribuição doméstica da Paramount, Chris Aronson, à Hollywood Reporter. A distribuidora lançou poucos filmes no ano passado, mas, conforme antecipado pela Filme B, está apostando alto em 2022.
2022 sem estreias híbridas
Um aprendizado tirado do ano passado é que as estreias híbridas (nos cinemas e no streaming) impactam, sim, as bilheterias. Não só pela disponibilidade dos longas na televisão, mas também por incentivar a pirataria em todo mundo. Segundo o Deadline, a Disney perdeu cerca de US$ 600 milhões por causa do lançamento simultâneo de Viúva Negra no Premier Access do Disney+.
A estratégia das majors para 2022, portanto, parece ser diferente. A Warner garantiu que seu line-up para o ano será exclusivo dos cinemas. A Disney, até o momento, não tem planos de voltar a investir nas estreias híbridas. E a Sony, que ainda desfruta do sucesso de Homem-Aranha - Sem volta para casa, afirma reiteradamente que seu modelo de negócio prioriza as salas.
Mudança de hábito para os mais velhos
As salas de cinema enquanto único lugar para se ver novos filmes — aliadas à aplicação das doses de reforço das vacinas — podem atrair os espectadores mais velhos, o grupo demográfico mais resistente para sair de casa. Especialistas acreditam que reverter esse quadro é uma questão de mudança de hábito já em andamento, e que será mais estimulada nos próximos meses.
"2022 será um ano crucial para trazer todos os públicos, especialmente os mais velhos, de volta ao hábito de ver filmes na tela grande", diz Ethan Titelman, da National Research Group (NRG). "Podemos voltar a um panorama parecido com o 'antigo normal' desde que tenhamos conteúdos e estratégias de lançamentos certos."
"Os espectadores estão voltando aos cinemas para ver filmes específicos, mas ainda não mudaram completamente os seus hábitos. Acho que isso vai melhorar com o tempo", completa Veronika Kwan, presidente de distribuição internacional da Universal.
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