Referência
no mercado de
cinema no Brasil
Após um 2020 com os cinemas fechados durante boa parte do ano e diversas outras restrições como taxa de ocupação, limpeza constante das salas, entre outras, muitos exibidores tiveram, em 2021, um ano para se recuperar, ou, no mínimo, atenuar os danos causados por 2020.
As primeiras posições em renda ficaram, em ordem decrescente, com Cinemark (R$ 242,7 milhões), Cinépolis (R$ 135,6 milhões) e Kinoplex (R$ 84,5 milhões). Veja detalhes na tabela abaixo.
Resultados gerais são cerca de 30% de um ano normal
O Brasil vendeu, em 2021, 53,1 milhões de ingressos, valor que representa pouco menos de 31% da média de público dos últimos 5 anos de funcionamento normal dos cinemas (2015 a 2019 tiveram frequência média de 176,22 milhões). Em renda, a porcentagem fica em 35% (R$ 916 milhões em 2021 contra R$ 2,6 bilhões de média entre 2015 e 2019), mas sem correção da inflação.
Fechamentos de 2020 provocam crescimentos irreais
Voltando aos fechamentos de 2020, são eles que nos ajudam a entender também os crescimentos de algumas redes menores em 2021. O Cine Laser, por exemplo, foi o grupo que mais cresceu em renda dentre as 30 maiores redes do país. O motivo é que ele foi um dos mais prejudicados em 2020. E há muitos outros casos assim.
A GNC, por exemplo, foi o terceiro grupo tanto em crescimento em renda (+82,9%) e público (+63%). Ricardo Difini, diretor de operações da rede, atribui o crescimento justamente aos fechamentos de 2020: “Nós só pudemos reabrir grande parte de nossos cinemas em 2021, o que fez com que o lançamento de Mulher-Maravilha 1984 (Warner) fosse adiado para o início de 2021 na GNC [o longa foi lançado oficialmente em 17 de dezembro de 2020 no Brasil]. Isso explica, em parte, nosso crescimento em 2021. Outro fator foi nossa boa preparação para a reabertura”.
Foi o caso também do Gracher, que ficou em segundo lugar em crescimento tanto em renda como em público. Seus 7 cinemas ficam todos no interior da Região Sul do país, divididos por Santa Catarina, onde fica a maior parte de suas salas, e Paraná. Santa Catarina fechou no começo do ano e só reabriu seus cinemas no finalzinho de 2020, provocando nos cinemas do estado o mesmo efeito descrito por Difini.
Luiz Gonzaga, presidente da Cinépolis, adiciona mais variáveis à análise: "Quem tem muitas salas no Rio, que teve poucas restrições e teve poucos fechamentos, tem melhores resultados. As restrições em diversos lugares são determinantes. Temos cidades com autorização de 50% dos assentos ainda. E cidades que passaram muito tempo fechadas. Uberlândia, por exemplo, reabriu em dezembro de 2021, apenas."
Vale lembrar que, conforme publicamos no balanço geral do ano, o parque exibidor reduziu 9% em 2021, fechando 300 salas definitivamente.
O que esperar de 2022?
O ano que estamos iniciando traz uma perspectiva ainda melhor que 2021. Com a vacinação avançada (78,5% da população adulta com pelo menos uma dose e 68,2% totalmente vacinada), o público acostumado às medidas restritivas, e a pandemia num estágio bem melhor, a tendência é que os espectadores continuem aumentando sua frequência nos cinemas e que não haja novos fechamentos – no máximo, restrições de taxa de ocupação.
Ricardo Difini já trabalha com números para a GNC. O executivo disse que a empresa está esperando que o público de 2022 seja equivalente a 70% do público de 2019 (3 milhões). Para isso, a GNC teria que ter 900 mil espectadores a mais do que recebeu em 2021. Dadas as condições atuais, é uma conta perfeitamente plausível.
Torçamos e trabalhemos para que essa conta possa se estender a todo o mercado.
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