Referência
no mercado de
cinema no Brasil
"Será 2023 o ano mais competitivo na história da categoria de melhor filme internacional?"
A pergunta foi feita pela revista Variety, e não à toa. Ao contrário de edições anteriores do Oscar — quando havia no páreo Roma, Parasita, Druk, Drive my car e Uma mulher fantástica, entre outros —, desta vez não há, a essa altura, um franco favorito.
A incógnita é um reflexo da diversificação e do aumento da quantidade de membros da Academia, que nos últimos tempos convidou artistas de vários países e grupos demográficos para compor o corpo de jurados, tornando ainda mais complexo definir o que seria um filme falado em língua não linglesa com "cara de Oscar".
O representante do Brasil é Marte Um (Embaúba Filmes), focado numa família negra da periferia de Contagem que busca seguir seus sonhos em um país controlado por um presidente de extrema-direita. Embora elogiado pela crítica e bem-sucedido nas bilheterias para os padrões de uma produção independente de drama — foram mais de 80 mil ingressos vendidos —, o longa de Gabriel Martins ainda não aparece entre as principais escolhas dos sites de apostas, como Gold Derby e Next Best Picture.
A Filme B analisou a avaliação de especialistas em premiações das principais publicações do setor para entender quem são os prováveis favoritos na categoria, a julgar pela repercussão que tiveram em festivais internacionais e a capacidade de suas distribuidoras em fazer uma campanha forte em Hollywood.
Ao todo, 92 países submeteram um representante — um a menos que o recorde de 93 do ano passado. A lista dos 15 pré-finalistas será anunciada em 21 de dezembro, e as indicações finais sairão em 24 de janeiro de 2023. A cerimônia está marcada para 12 de março.
Nada de novo no front (Alemanha)
Lançado na Netflix, o filme não tem um histórico extenso de passagem por festivais, mas foi muito elogiado pela crítica, que o classificou como "devastador" e "impressionante". A trama acompanha a experiência perturbadora de um jovem soldado alemão na Segunda Guerra Mundial. O diretor, Edward Berger, é o mesmo de Jack (2014), selecionado para o Urso de Ouro em Berlim.
Decisão de partir (Coreia do Sul)
Marca o retorno às telonas do consagrado cineasta Park Chan-wook, de A criada e Oldboy. Previsto para chegar ao Brasil em 5 de janeiro, o suspense gira em torno de um detetive que investiga a morte de um homem numa montanha, onde ele conhece a misteriosa esposa da vítima. O filme entrou na seleção oficial de Cannes, de onde saiu com o prêmio de melhor direção.
Holy spider (Dinamarca)
Destaque em Cannes, de onde saiu com o troféu de melhor atriz para Zar Amir-Ebrahimi, acompanha uma jornalista que investiga um serial killer de profissionais do sexo na cidade sagrada de Mashhad, no Irã. A crítica considerou o suspense como "poderoso".
Close (Bélgica)
Vencedor do Grande Prêmio em Cannes, Close é um drama sobre a amizade entre dois adolescentes que é abruptamente interrompida. O diretor, Lukas Dhont, tem experiência em contar histórias sobre a juventude — é dele o elogiado drama O florescer de uma garota, sobre uma jovem lidando com disforia de gênero.
Bardo, falsa crônica de algumas verdades (México)
Indicado ao Leão de Ouro em Veneza, Bardo, que acaba de estrear no Brasil, vem sendo considerado o filme mais pessoal de Alejandro G. Iñárritu. Gira em torno de um jornalista e documentarista que tenta se reconciliar com o seu passado e com a sua identidade mexicana.
EO (Polônia)
Outro título que chamou atenção em Cannes, onde ganhou o Prêmio do Júri. O drama é dirigido por Jerzy Skolimowski, que desde os anos 1970 se tornou presença frequente no festival francês, com filmes como O rei, a rinha e..., Estranho poder de matar, Vivendo cada momento, O sucesso é a melhor vingança e Correntes da primavera. A inusitada história é contada do ponto de vista de um jumento, que esbarra em pessoas boas e ruins, e, a partir disso, faz um retrato da Europa contemporânea.
Argentina, 1985 (Argentina)
Protagonizado por Ricardo Darín, o novo filme de Santiago Mitre (Paulina, A cordilheira) foca num grupo de advogados vivendo sob a ditadura militar. Ganhou o prêmio da Fipresci no Festival de Veneza.
Saint Omer (França)
Acompanha uma escritora que quer adaptar em um livro o julgamento de uma mulher acusada de matar o filho de 15 anos. O drama concorreu ao Leão de Outro em Veneza e ao prêmio Gotham de melhor filme internacional.
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