Referência
no mercado de
cinema no Brasil
Uma nova empresa de distribuição independente acaba de chegar ao mercado. Ligada à rede exibidora mineira Cineart, que tem mais de 70 anos de tradição, a Cineart Filmes fez sua estreia oficial na última quinta, dia 9, com Insubstituível, comédia dramática francesa estrelada por François Cluzet (Os intocáveis). O longa é apenas o primeiro de um line-up cuidadosamente escolhido e que já conta com outros sete títulos, nacionais e internacionais, confirmados até o fim de 2017.
“Sempre quisemos acompanhar mais de perto o processo como um todo, saber como o filme chega para o público”, contou Thaís Henriques, diretora e curadora da Cineart Filmes. Mas a decisão final, segundo ela, veio de uma demanda do mercado local. “Aqui em Minas existe a carência de uma distribuidora forte, então tudo começou com produtores amigos pedindo que a gente apoiasse o filme deles, que os exibissem em nossas salas”.
Foi assim em 2014 com O menino no espelho. À época, a Cineart ainda não havia se oficializado como distribuidora, mas a empresa serviu de apoio à produtora do filme para exibí-lo no circuito mineiro - posteriormente, a Downtown Filmes assumiria a distribuição nacional da obra. Em 2015, o mesmo aconteceria com O dia do galo, documentário sobre os torcedores do clube Atlético Mineiro e sua paixão pelo time.
Henriques conta que depois dessa parceria informal, a Cineart percebeu que poderia transformar a brecha em negócio fixo para a empresa. “A gente começou fazendo essas ‘graças’ para os amigos, mas a coisa foi acontecendo de verdade, alguns filmes começaram a ter uma resposta melhor que a esperada”, explicou.
A primeira experiência oficial da Cineart Filmes aconteceu no ano seguinte, em 2016, com o longa infantil Dentro da caixinha e o terror de baixo orçamento Lâminas da morte. Ambos, porém, só foram exibidos nos cinemas da rede. Agora, com Insubstituível, é que a distribuidora finalmente faz sua estreia em circuito comercial. Com a história de um médico do interior da França que precisa ser urgentemente substituído ao ser diagnosticado com uma grave doença, o filme foi lançado em 31 salas de todo o país na quinta passada e até hoje, dia 14, foi visto por 5,6 mil pessoas.
Distribuição independente, porém comercial
De acordo com a diretora, a proposta da Cineart Filmes é trabalhar de forma independente da empresa-mãe, responsável pela gerência de 67 salas de exibição no país. Hoje, a distribuidora conta com seis funcionários em sua estrutura, sendo o setor de programação, composto por apenas uma pessoa, baseado em São Paulo.
Ainda segundo Henriques, o line-up será constituído em sua maioria por filmes comerciais. “Muita gente confunde, até por conta do nosso nome, mas o nosso foco não é o cinema de arte. Estamos em busca de um perfil mais comercial, mas com qualidade. Se [o filme] for muito fechado [de público], a distribuidora não se sustenta”, afirmou.
A diretora também disse que o tamanho de lançamento deve obedecer a um padrão entre 50 e 100 salas, considerado grande para uma distribuidora independente. “Algumas apostas têm perfil de 200 a 300 salas, mas não será nosso padrão”, explicou.
Line up
Depois de Insubstituível, em abril é a vez de Além das palavras, drama biográfico inspirado na vida da poeta Emily Dickinson (1830-1886), com Cyntia Nixon (Sex and the city) no papel principal; seguido de Selfie from hell, em maio. O terror foi produzido a partir do curta-metragem de mesmo nome visto por mais de 20 milhões de pessoas no YouTube.
Em maio também estreia a comédia argentina O ilustre cidadão, premiada em Veneza pela atuação de Oscar Martínez, protagonista do filme. Junho traz o provocativo This is your death, com a história de um reality show no qual os participantes são levados a cometer suicídio ao vivo para manter a audiência do público. Fechando o ano, a distribuidora conta com A livraria, de Isabel Coixet (Paris, te amo; Minha vida sem mim), baseado na obra-prima de Penelope Fitzgerald, sobre uma mulher que desafia o poder local para abrir sua própria livraria numa pequena cidade da Inglaterra dos anos 50.
Cinema nacional
Filmes brasileiros também terão espaço no line-up da Cineart Filmes, embora não sejam o carro-chefe. “Nós vamos apoiar o cinema nacional desde que a gente consiga equilibrar as contas”, disse Henriques. No momento, a empresa conta com dois projetos sendo desenvolvidos pelas produtoras Cocriativa e Alicate, de Belo Horizonte. Ambos ainda não têm título nem data definida, mas a distribuidora prevê que sejam para o segundo semestre.
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