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Duas premiações realizadas neste fim de semana serviram para confirmar algumas tendências e trazer elementos inesperados para a corrida do Oscar. Como era previsto, La la land – Cantando estações saiu com o principal prêmio do Sindicato dos Produtores (PGA) no sábado, dia 28, enquanto Estrelas além do tempo foi a grande surpresa entre as escolhas do Sindicato dos Atores no SAG, no domingo. Os dois são considerados importantes termômetros das estatuetas da Academia.
O musical de Damien Chazelle já era o franco favorito ao prêmio de melhor filme do Oscar e o troféu Darryl F. Zanuck – o principal do PGA – ajudou a elevar as apostas. Emma Stone também levou a estatueta de melhor atriz por La la land no dia seguinte, no SAG, em uma categoria que tinha como fortes rivais Meryl Streep (Florence – Quem é essa mulher?) e Natalie Portman (Jackie).
Estrelas além do tempo em alta
O Sindicato dos Atores não concede prêmio de melhor filme, apenas de melhor elenco. Para espanto de muitos, os associados escolheram o time de atrizes de Estrelas além do tempo, biografia de matemáticas negras que trabalharam no programa espacial da NASA em meio às tensões raciais da época. O longa concorria com títulos já queridinhos da temporada de prêmios, como Moonlight – Sob a luz do luar e Manchester à beira-mar.
Agora, o drama cresce em importância no cenário do Oscar. Para alguns analistas, o momento político, com o discurso intolerante do presidente eleito Donald Trump sendo fortemente combatido pela Hollywood progressista, conta a favor de uma história importante como a de Estrelas além do tempo em detrimento do embalo escapista de La la land, pelo menos nas categorias secundárias.
Em um discurso forte, a atriz Taraji P. Henderson fez um libelo pela igualdade: “Essa história é sobre o que acontece quando colocamos nossas diferenças de lado e nos unimos como raça humana. Nós vencemos. O amor sempre vence. Elas não são mais figuras escondidas [menção ao título original, Hidden figures]”.
#OscarsNotSoWhite
Os prêmios do SAG mostraram que o ano promete um panorama bem diferente de 2016, quando a escassez de negros no páreo deu origem ao protesto viral #OscarsSoWhite. Denzel Washington levou a estatueta de melhor ator por Um limite entre nós, contra o favorito Casey Affleck (Manchester à beira-mar). Nas categorias de coadjuvante, foram premiados Mahershala Ali (Moonlight) e Viola Davis, também no elenco com Washington.
Protestos contra Trump
Obedecendo à tônica da temporada, os protestos contra Trump apareceram muitas vezes nos discursos do fim de semana. John Legend, que apresentou o candidato La la land no PGA, foi bem direto: “Nossa América é grande, livre, aberta a sonhadores de todas as raças, países e religiões. Nossa visão da América é diretamente oposta ao do presidente Trump. Especificamente, quero rejeitar a visão dele esta noite e afirmar que o país é melhor que isso”.
Julia Louis-Dreyfus, premiada como melhor atriz de comédia no SAG pela série Veep, criticou o recente veto à entrada de visitantes de países muçulmanos e refugiados nos EUA. “Meu pai fugiu da perseguição religiosa na França ocupada pelos nazistas, e eu sou uma patriota americana, amo este país. Fico horrorizada com nossas máculas, e esse banimento é uma mácula, é antiamericano”.
O protesto mais contundente veio do ator Simon Helberg, indicado por The Big Bang theory, que circulou pelo tapete vermelho do SAG com um cartaz que dizia: “Bem-vindos, refugiados”. Ao seu lado, sua mulher, Jocelyn Towne, tinha outra frase escrita no decote do vestido: “Deixem eles entrarem”.
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