RioMarket discute programação fragmentada

RioMarket discute programação fragmentada

Thiago Stivaletti
13 out 16

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Divulgação

Cegonhas: Animações têm menos público na sessão das 22h

Com o aumento do número de longas lançados nos cinemas a cada ano e uma relativa baixa ocupação das salas, a fragmentação da programação –  dividindo-se os horários de uma única sala entre dois ou mais títulos – é uma alternativa para o futuro? Sete players do mercado discutiram o tema no RioMarket, no painel Como transformar a fragmentação da programação em oportunidades.

“Temos cinco ou seis filmes para lançar por semana. É difícil achar espaço para todos. O exibidor precisa ter essa abertura de ver que uma animação como Cegonhas não vai dar tanto público às 22h, e outro filme não vai render às 14h”, diz Paulo Pereira, diretor comercial da Cinépolis no Brasil.

Marcos Oliveira, diretor da Universal, apontou os fatores que mantêm a taxa de ocupação dos cinemas no Brasil em torno de 19,6%: uma programação pouco diversificada; menores ciclos de exibição para cada filme; e o não atendimento de públicos diferenciados (com mais sessões voltadas para nichos como mães e terceira idade), o que impossibilita a criação de novos públicos. Para ele, três soluções hoje são viáveis: usar a digitalização para tornar a programação mais diversa, oferecer filmes alternativos fora da hora de pico e graduar mais o preço dos ingressos por faixa de horário.

A percepção do espectador

“É preciso perguntar que esforço se faz para levar as pessoas aos cinemas à tarde, por exemplo. Cresce o público e o número de salas, mas a taxa de ocupação continua a mesma”, diz Laércio Bognar, da distribuidora Vitrine. “A gente explora mal as possibilidades. O grande distribuidor sempre pressiona para entrar em todos os horários da sala. O exibidor precisa conversar mais com ele, mostrando seus números”, afirma o presidente da Feneec (federação das empresas exibidoras), Paulo Celso Lui. Sandro Rodrigues, da distribuidora H2O, falou da necessidade de os exibidores divulgarem seus números de público por sessão, e não apenas por sala, como ocorre hoje.

“Me sensibilizo com o que o Paulo fala sobre a fragmentação, mas tendo a não concordar. A gente faz campanha para atrair multidões para os nossos filmes, e não sabe a que horas o espectador vai ao cinema”, defendeu César Silva, da Paramount. Iafa Britz, produtora de filmes como Linda de morrer e Mundo cão, acredita que o fato de o documentário Cássia, sobre a cantora Cássia Eller, ter se dividido em sessões em diferentes salas diminuiu o seu potencial de público. “Com a fragmentação, em vez de os filmes serem potencializados, eles são canibalizados. O espectador ainda tem um sentimento ruim do filme que só tem uma ou duas sessões por dia. Ele tende a pensar que é meio micado”, opina.