Referência
no mercado de
cinema no Brasil
O logo mais visto antes dos filmes que estrearam no Festival de Cannes não foi da Disney (O bom gigante amigo), Universal (Loving) ou Sony (Jogo do dinheiro), mas da Amazon, gigante do streaming nos EUA que já começou o festival com cinco títulos comprados, entre eles o novo Woody Allen (Café society) e o documentário sobre Iggy Pop (Gimmedanger). Para todos, a mesma estratégia: um lançamento restrito nos cinemas americanos seguido de exibição exclusiva em sua plataforma de video on demand, ainda restrita aos EUA. Para os outros países, o lançamento nos cinemas segue nas mãos de distribuidoras tradicionais.
Mas a Amazon não tem como foco títulos que tenham maior apelo popular. Um dos filmes que devem ter rejeição por parte do público é The neon demon, um conto macabro de terror em que Elle Fanning, uma das novas divas de Hollywood, vive uma garota que chega a Los Angeles e rapidamente se torna a nova queridinha do mundo da moda. Ela desperta a inveja das colegas e a cobiça dos homens, desencadeando reações violentas que transformam a história num delírio cheio de sangue e bizarrices.
Em entrevista no Festival de Cannes, o diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn - o mesmo do cultuado Drive, com Ryan Gosling -, que nunca trabalhou para um grande estúdio, contou que a Amazon fez a proposta mais alta de sua carreira para distribuir seu filme, sem falar em valores. “Os grandes estúdios não são mais a bola da vez. Você quer gente como da Amazon para cuidar de seu filme. O theatrical é tão mínimo em suas janelas, ali você tem um espaço muito limitado”, disse. “E a Amazon é uma empresa totalmente pró-cinema, eles são a favor da experiência na tela grande. Mas essa é uma experiência limitada, porque há tantos obstáculos. O streaming é a novidade que vai salvar o cinema de autor”.
Por fazer filmes de ritmo mais lento e que envolvem um terror bem mais pesado do que nos filmes desse gênero feitos pelos estúdios – seu novo filme tem até uma cena de necrofilia –, Refn considera remota a possibilidade de encontrar um projeto que possa dirigir para uma major, aumentando esse circuito de salas que considera restrito para seus filmes. “Eu amo Hollywood e tudo que diz respeito a ela: os personagens, a história, a cidade, a mitologia em torno desse mundo. O que não quer dizer que eu queira trabalhar lá um dia”, brincou.
No Brasil, The neon demon chega aos cinemas pela Califórnia Filmes, com estreia prevista para agosto.
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