Referência
no mercado de
cinema no Brasil
O Hulu ocupa hoje um dos tripés do mercado de streaming nos Estados Unidos, ao lado das empresas Netflix e Amazon. Indisponível em outros países, a empresa tem ensaiado a internacionalização de seu conteúdo via coproduções, mas, por enquanto, apenas com os canais britânicos BBC e ITV. Phillip Matthys, gerente de programação do Hulu, esteve no Rio de Janeiro na semana passada, para o RioContentMarket, onde apresentou as estratégias e planos de crescimento de seu serviço de video on demand (VoD), e revelou que o Brasil está na lista de possíveis parceiros do Hulu.
De acordo com ele, a animação deve ser o grande caminho para se conquistar o mercado internacional, devido à facilidade na troca do idioma. Matthys também disse estar negociando um novo formato com a Rede Globo, mas não revelou o nome do projeto. “Temos enxergado na animação um mercado em crescimento, parte importante do nosso futuro”, comentou. “Também temos alguns conteúdos de live action sendo negociados com a Televisa e a Globo”. Para ele, séries como Narcos e Sense8 provaram que o público americano está mais receptivo a produtos em outra língua que não o inglês.
Conteúdo família e de altíssima qualidade
De acordo com o programador, o Hulu está em busca de conteúdo para toda a família, e a estratégia de aquisição da empresa se baseia na combinação de conteúdo original de altíssima qualidade e o melhor da televisão. Ele acredita que fora desse modelo não há futuro. “Nós estamos em busca de programas como Empire, Fear the walking dead, Seinfeld e South Park, que existem há vários anos, mas têm uma base de fãs muito grande, e conteúdos novos que poderiam muito bem estar na HBO”, afirmou. Matthys, no entanto, ressaltou que a audiência da TV nem sempre é um fator importante para o Hulu, já que alguns programas funcionam melhor na plataforma por se comunicarem com um nicho específico.
O gerente de programação disse ainda que os valores de produção podem ser variados – “investimos em produções com orçamentos grandes e outras com custos mais baixos; temos, inclusive, produções estreladas por personalidades do YouTube –, mas o objetivo principal é a formação de carteira". “No começo, queríamos disponibilizar o maior número possível de conteúdos na plataforma, por isso crescemos muito rápido”. A tendência agora, segundo Matthys, é que o Hulu diminua seu ritmo e trabalhe mais no modelo tradicional de desenvolvimento de projetos, sem a urgência de antes. “O momento é de buscar grandes nomes para grandes lançamentos”, afirmou.
Custos mais altos de aquisição
Ex-funcionário da NBCUniversal, Phillip Matthys disse que há uma grande diferença entre o modelo de negócio que rege as produções para TV e as produções para VoD, devido, principalmente, à diferença no custo da negociação. De acordo com o gerente, as taxas são mais baratas para os canais do que para plataformas como o Hulu, porque a televisão pode exibir cada conteúdo durante um ano e, passado esse período, o produto volta para as mãos do estúdio, que pode vendê-lo para outras mídias. “No nosso caso, o conteúdo até pode ser revendido para outro canal depois, mas temos que pagar por uma janela de dez anos e para exibição em todos os países onde quisermos oferecê-lo”, explicou.
Do catch up ao SVoD
O Hulu foi criado em 2007 como uma joint venture da Fox, Disney e NBCUNiversal, e a princípio serviria apenas como um catch up dos canais associados, para disponibilizar, grátis, os programas de TV exibidos no dia anterior. O serviço evoluiu e hoje conta com um sistema de assinatura que oferece tanto o replay da televisão quanto conteúdos adquiridos de grandes estúdios. Recentemente, a plataforma também passou a investir em produções originais: seu primeiro lançamento neste perfil, The path, com Aaron Paul (Breaking bad), tem data de estreia marcada para 30 de março. A série fala de uma crise na fé religiosa. Um longa e uma série estrelada por Hugh Laurie (House) também estão prometidos.
Episódios semanais
Apesar das semelhanças com a Netflix, que também produz conteúdo exclusivo, o Hulu não disponibiliza de uma única vez a temporada completa das séries, e prefere apostar no modelo de episódios semanais. “Nós temos o DNA da televisão”, brincou Matthys. Ele explicou que a ideia é fazer com que o público converse mais sobre a trama e os personagens das histórias. Aos apressadinhos, ele sugeriu outro caminho: esperem que todos os capítulos sejam lançados e aí será possível assisti-los em maratona.
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