Rangel diz que crise não afetará Fundo Setorial

Rangel diz que crise não afetará Fundo Setorial

Thiago Stivaletti, de Brasília*
18 set 15

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Divulgação/Junior Aragão

Rangel (terno escuro) cobrou investimentos das majors

O diretor-presidente da Ancine, Manoel Rangel, afirmou nesta quinta, dia 17, em debate no Festival de Brasília, que a crise que está levando a cortes de investimentos do governo federal não vai afetar o Fundo Setorial. “O esforço da presidente Dilma, do Ministério da Cultura e do governo federal é de manter o conjunto dos investimentos em cultura e nos programas sociais, além da escala dos investimentos do Fundo. A batalha agora é entre seguir com esses programas ou promover cortes para pagar juros”, declarou. “O Brasil de Todas as Telas seguirá, e haverá um ano 2”, finalizou, aplaudido pela plateia de diretores e produtores.

Rangel rebateu declarações dadas na véspera pelo executivo da Motion Pictures Association, Ricardo Castanheira, de que as majors já tenham feito mais de cem coproduções com o Brasil. “O que a MPA chama de coprodução, francamente, é o uso do Artigo 3°, com o nosso dinheiro. Compra esse discurso quem quer. O que estamos fazendo agora são reuniões para dizer que queremos dinheiro deles, dos próprios estúdios, para que eles cumpram o verdadeiro papel de coprodutores”, afirmou.

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O diretor-presidente elencou as últimas ações da agência para estimular as coproduções internacionais. Entre eles, um acordo firmado na Conferência de Autoridades Cinematográficas de Iberoamérica (na CACI) que prevê a exibição de 52 filmes do bloco em TVs públicas dos países-membros a partir de setembro. Segundo norma em vigor, obras do Mercosul pagam aqui o mesmo valor de Condecine que as obras brasileiras - um estímulo para o lançamento de filmes latinos no Brasil. Uma nova linha do FSA para coproduções com a América Latina remonta a R$ 5 milhões.

Codistribuir e coexibir

A Ancine busca agora modernizar os acordos de coprodução com Alemanha, França e Itália, baixando os valores mínimos de aporte do coprodutor minoritário de 30% para 10% - e ampliando o acordo de cinema para outras áreas do audiovisual. Novos acordos foram assinados com Israel e Reino Unido, e negociações estão em andamento com China e Rússia. A agência aguarda o anúncio de novos editais de coprodução com México e Venezuela.

Alejandro Pelayo, diretor da Cineteca da Cidade do México, falou da importância de cuidar das outras etapas do longa além da coprodução: “A experiência no México mostrou que, quando o governo investiu apenas na coprodução, os longas depois não conseguiram ser exibidos. Por isso é importante articular também convênios de codistribuição e coexibição”.

* O editor assistente viajou a convite da organização do festival