Referência
no mercado de
cinema no Brasil
Se os filmes costumam abrir grande para depois irem encolhendo no circuito ao longo das semanas, o brasileiro Que horas ela volta?, com Regina Casé, tem se revelado uma pequena montanha russa. No dia 27 de agosto, o filme abriu em 91 salas fazendo uma média pouco expressiva de 287 espectadores. Na segunda semana, encolheu um pouco, para 69 salas. Na terceira, reverteu a curva, subiu para 78 salas e viu seu público aumentar em 88% em relação à segunda semana.
A montanha-russa é vivida de dentro por Barbara Sturm, diretora da Pandora, distribuidora do filme. Nesta quinta, dia 17, o filme entra em 70 novas salas, crescimento de 90% no circuito, com forte expansão na rede Kinoplex – 12 novas salas no Rio.
Entre as 18 novas cidades em que o filme será lançado, estão Cuiabá (MT); Nova Iguaçu e Rezende (RJ); Osasco e São José dos Campos (SP); Uberaba e Betim (MG); Balneário Camboriú, Blumenau, Joinville e Tubarão (SC); Vila Velha (ES); Caxias do Sul (RS) e Santarém (PA). Outra notícia que ela comemora: pela primeira vez em 30 anos, o Grupo Estação vai programar um longa em duas salas no Estação Gávea e em outras duas no Net Rio.
“A gente vive as decisões semanalmente. Estamos adaptando a nossa estretégia para um circuito grande agora. Quando dissemos na Globo [parceira com a Globo Filmes] que devíamos lançar em 40 cópias, eles ficaram deprimidos. Para termos toda a divulgação, saímos maiores, e isso não foi legal. O Woody Allen foi mais forte que a gente no primeiro fim de semana, e não fomos bem no circuito fora dos cinemas de arte. Mas o boca a boca foi forte. No segundo fim de semana, fez frio em quase todas as capitais, o que foi sorte. E as pessoas receberam o salário no dia 8, o que deve ter ajudado na terceira semana”, comenta.
Protestos no Facebook
A divulgação maciça da pré-indicação do filme ao Oscar e a polêmica em torno do debate da diretora Anna Muylaert no Recife ajudaram o boca a boca do filme. Mas Barbara cita um fator maior: o barulho nas redes sociais. “As redes dão essa urgência; quando o filme está muito comentado, você tem que ver.” Na segunda semana, muitos complexos, como Cinemark Cidade Jardim, em São Paulo, e UCI New York, no Rio, dobraram o filme em apenas um horário vespertino na segunda semana. Muitas pessoas enviaram mensagens pela página do filme no Facebook reclamando da falta de horários. A equipe de Barbara reuniu as mensagens e encaminhou aos exibidores quando foram negociar a terceira semana.
Para os resultados do último fim de semana, a Globo Filmes também deu um empurrão. Na sexta, Anna Muylaert e Regina Casé deram entrevista ao Programa do Jô. No domingo, as duas falaram novamente em uma reportagem do Fantástico. Spots publicitários entraram nos intervalos do Jornal Nacional e da novela das 23h.
Agora, uma das metas de Barbara é não deixar a peteca cair até o início de janeiro, quando serão anunciadas as indicações ao Oscar. Ela espera manter o filme em cartaz ao menos no Belas Artes, em São Paulo, sala da qual também é programadora, e mais um pequeno circuito para manter a expectativa da indicação. “Relatos selvagens ficou 50 semanas no Belas Artes. Meu sonho é manter o Que horas ela volta? por pelo menos um ano”, diz.
Mais seis nacionais
A Pandora fechou a distribuição do longa no início de 2014, um ano antes de o filme ser premiado em Sundance e Berlim. André Sturm soube que o amigo Fabiano Gullane precisava de dinheiro para a finalização e se associou para entrar num edital de distribuição do Fundo Setorial da Ancine. “Ou seja, na verdade somos um pouco coprodutores”, diz Barbara.
Até o final do ano, a Pandora lança mais dois filmes nacionais: Se Deus vier, que venha armado, de Luís Dantas; e Oração do amor selvagem, de Chico Faganello. Em 2016, estão previstos mais quatro: Trago comigo, de Tata Amaral; Aspirantes, de Ives Rosenfeld; Ralé, de Helena Ignez; e Voltando pra casa, de Gustavo Rosa de Moura.
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