Biônica Filmes, entre Dom Pedro e Tatá Werneck

Biônica Filmes, entre Dom Pedro e Tatá Werneck

Thiago Stivaletti
02 dez 16

Imagem destaque

Divulgação

A produtora Bianca Villar, da Biônica Filmes

Bianca Villar estava na Drama Filmes há 12 anos produzindo os filmes de Beto Brant, como O invasor e Cão sem dono, quando decidiu que era o momento de atingir um público maior com seus filmes. Em 2012, ela fundou com os sócios Fernando Fraiha e Karen Castanho a Biônica Filmes, que estreou em 2014 com o pé direito: a comédia Os homens são de Marte... e é pra lá que eu vou!, com Mônica Martelli, terceiro maior sucesso do ano entre os nacionais, com 1,8 milhão de ingressos vendidos.

Para 2017, a produtora tem duas grandes apostas de comédia que, segundo ela, arriscam bastante no gênero. A maior delas é TOC – Transtornada, obsessiva compulsiva, primeiro longa estrelado apenas por Tatá Werneck, sucesso na MTV, no Multishow a nas novelas da Globo. “Queremos fazer um tipo de comédia que a gente também goste de assistir. TOC pega um pouco pesado, não é nada careta, uma comédia trash na linha dos filmes do Judd Apatow, como Superbad. É sobre uma atriz em crise na carreira, que chora e fica deprimida”, conta a produtora. O grande desafio do longa, orçado em R$ 6 milhões e com estreia marcada para dia 2 de fevereiro, será atrair os fãs de Tatá, que incluem 13 milhões de seguidores no Instagram, sem afugentar o público das comédias tradicionais. O trailer chega aos cinemas este mês, nas sessões de Minha mãe é uma peça 2, também da DTF/Paris.

Vingança portenha

Outra aposta é a comédia La Vingança, da Querosene Filmes em coprodução com a Biônica, longa de estreia de Fernando Fraiha e o primeiro do gênero a ser rodado entre Brasil e Argentina. História de um dublê fracassado que viaja ao país vizinho para se vingar da namorada, o filme tem no elenco Daniel Furlan, sucesso no YouTube, e participação de Leandra Leal.

Em 2016, o risco assumido foi com Reza a lenda, road movie jovem ao estilo Mad Max que estreou em janeiro e conseguiu bom resultado de público, com 380 mil espectadores – 12ª maior bilheteria do ano até agora. “Quando o Homero Olivetto [diretor] nos trouxe o projeto, era um puro filme de arte. Aos poucos, fomos transformando num filme de ação mesmo, com perseguições. Foi legal deixar o filme mais pop”, diz Bianca. Ambientado no sertão, o longa foi melhor com o público do Nordeste do que do Sul do país. Para a produtora, houve um obstáculo que pode ter impedido um público maior: a estreia na semana seguinte de Os dez mandamentos, maior sucesso do ano, ocupando boa parte do circuito.

Brazilian wax

Nos filmes da Biônica, Bianca comanda também a produção executiva (“gosto muito do set, de escalar equipe e elenco”) e Karen cuida mais da parte financeira. Em 2017, a produtora prepara dois novos projetos que já chegam cercado de expectativas. O primeiro é Pedro, em que Cauã Reymond viverá Dom Pedro I, no momento em que aos 20 anos é deixado pela família no Brasil. Coprodução Brasil-Portugal, o longa será rodado em parceria com a Buriti – da diretora Laís Bodanzky e do roteirista Luís Bolognesi –, a Sereno – de Cauã e Mário Canivello – e a portuguesa O som e a fúria, de Luís Urbano. As filmagens nos dois países começa em outubro.

+Cauã Reymond viverá Dom Pedro I no cinema

O segundo, com o título provisório de J Sister’s, contará a história das sete irmãs capixabas que migraram para os EUA em 1987 e abriram o primeiro salão de brazilian wax, a técnica de depilação genital a cera que virou febre entre as celebridades de Hollywood. Homero Olivetto vai dirigir a partir de um roteiro de Patrícia Andrade (Dois filhos de Francisco). A meta de Bianca é encontrar um grande parceiro americano que entre no projeto, ajudando a financiá-lo e distribui-lo nos EUA. “É uma história de superação, mas também com muito humor. Primeiro pensamos num documentário, mas a gente viu que as pessoas ficavam loucas por uma ficção quando falávamos da história”. As filmagens devem ocorrer só em 2018.

Das sete irmãs - Jocely, Jonice, Janea, Joyce, Juracy, Jussara e Judeseia –, hoje na casa dos 60 anos, três continuam nos EUA, três voltaram ao Brasil e uma faleceu. O salão, hoje na luxuosa 5ª Avenida de Nova York, é tocado pelas filhas e netas.